segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

PE 2012: Integração Contra a escrita


Do Jornal do Commercio

Faltando pouco mais de um mês para o início do Campeonato Pernambucano, marcado para 15 de janeiro, a velha pergunta volta à tona: será que dessa vez teremos um time do interior levantando o troféu de campeão? A fórmula da competição, que classifica os quatro primeiros para as semifinais, facilita o processo. Mesmo assim, os próprios treinadores reconhecem que a missão é difícil, sobretudo pelo abismo financeiro entre o trio de ferro da capital, Sport, Náutico e Santa Cruz, e os demais participantes.

Vale destacar que Pernambuco é o único Estado do Nordeste que nunca viu um time de fora da capital conquistando o título (ver quadro ao lado). Lutam para quebrar a escrita em 2012 Central, Porto, Ypiranga, Belo Jardim, Serra Talhada, Salgueiro, Araripina e Petrolina. Os outros participantes são da capital, Sport (39 taças), Santa Cruz (25), Náutico (21) e América, seis vezes campeão e que vai mandar seus jogos em Paulista. Além do quarteto, também faturaram o caneco os recifenses, já extintos, Torre (3), Tramways (2) e Flamengo (1).

“Apesar do crescimento dos times do interior nos últimos anos, ainda há um grande desequilíbrio financeiro em relação aos três grandes da capital. É preciso muita superação. Foi isso que fizemos este ano e temos a intenção de repetir em 2012. O Porto quer estar novamente na linha de frente”, disse Laélson Lima, treinador do Gavião, que se classificou para a semifinal, quando foi eliminado pelo Santa Cruz.


Aliás, o Porto acumula dois vice-campeonatos em 1997/98. Em ambos, o Sport foi campeão. Em 2007, o rival doméstico do Tricolor do Agreste, o Central, também acabou o campeonato em segundo lugar na classificação geral. No entanto, tanto Porto como Central não chegaram a conquistar, sequer, um turno, assim como qualquer outro interiorano.

Quem esteve mais próximo foi o Ypiranga, em 2006, mas a chance de conquistar o 1º turno daquele ano foi para o espaço, com o pênalti desperdiçado por Júnior Amorim na última rodada, contra o Estudantes. O Santa Cruz faturou o turno.

“O que falta é planejamento e preparação. Geralmente, os times começam com muita garra e com jogadores de qualidade, mas não conseguem manter o mesmo ritmo até o final”, alegou Pedro Manta, à frente do Petrolina.

Um exemplo a ser seguido é o ASA, de Arapiraca-AL. O time subiu da Série C em 2009 e em 2012 completará três anos seguidos na Segundona. A visibilidade alcançada rendeu para o alvinegro alagoano, no ano passado, a negociação do atacante Júnior Viçosa (ex-Sport), que foi adquirido pelo Grêmio por R$ 1,2 milhão. Além disso, o time da Terra do Fumo conquistou quatro campeonatos estaduais nos últimos 10 anos.

“Os times do interior deveriam se unir para lutar por uma receita maior durante o Campeonato Pernambucano. Para se ter uma idéia, em relação ao Todos com a Nota, cada equipe recebe cerca de 10% do que ganham as da capital”, enfatizou o presidente do Belo Jardim, Jonas Torres.

LIÇÃO DO INTERIOR PARA O INTERIOR

A receita para os times do interior conquistarem um título vem de Garanhuns e de Vitória de Santo Antão. Guardadas as proporções e interesses, Porto, Central, Salgueiro, Araripina, Petrolina, Ypiranga, Serra Talhada e Belo Jardim podem buscar inspiração no futsal e no futebol feminino para tentar derrubar Náutico, Santa Cruz e Sport.

Na bola pesada, o Tigre de Garanhuns conquistou este ano o tricampeonato estadual. O Acadêmica Vitória é o atual bicampeão Pernambucano. O que os dois tem de semelhança que pode servir de exemplo?

Primeiro mudaram a visão de que eram times pequenos e encararam os considerados grandes de igual para igual. Na sequência, investiram em profissionais qualificados e em atletas de melhor qualidade técnica. Por fim, ampliaram os horizontes para além da disputa local. O Vitória este ano foi vice-campeão da Copa do Brasil e o Tigre também já chegou ao vice-campeonato da Taça Brasil de clubes em 2009.

Para o técnico do Tigre, Fabiano Chokito, uma das saídas é estabelecer parcerias com as prefeituras, comércio e indústrias locais para que os clubes de futebol de campo possam se fortalecer. “É preciso ter um trabalho consistente, procurar capacitação profissional e contar com atletas rodados que tenham qualidade”, aconselha o treinador. “Em Garanhuns, nós juntamos a idéia dos dirigentes locais, o apoio dos comerciantes e trouxemos um grupo de vencedores. Assim, conseguimos representatividade nacional.”

O Vitória está se estruturando para se tornar uma potência do futebol feminino nacional. Com jogadoras da seleção brasileira, o Tricolor das Tabocas está construindo um Centro de Treinamentos exclusivo para as mulheres e deve manter a hegemonia estadual por um bom tempo.

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