Do
G1, com agências internacionais
imagem: voluvia.com
O chefe da junta militar que governa o Egito, Field
Marshal Mohamed Hussein Tantawi, prometeu nesta quarta-feira (1º) investigar e
punir os que estiverem por trás aos sangrentos distúrbios que deixaram ao menos
74 mortos e 1 mil feridos após uma partida de futebol em Port Said.
"Este tipo de evento pode acontecer em qualquer
lugar do mundo, mas não vamos permitir que os que estão por trás fiquem
impunes", disse Tantawi em entrevista a uma emissora egípcia que que
pertence ao Al Ahli, um dos times da partida. Segundo o chefe militar, todas as vítimas receberão
assistência do governo após a investigação do caso.
"Nós vamos superar esta fase. O Egito será estável.
Temos um plano para transferir o poder aos civis eleitos. Se alguém está
tramando trazer instabilidade ao Egito, não terá sucesso. Todos terão o que
merecem", disse.
Tantawi acrescentou que a segurança do jogo era
responsabilidade da polícia. Políticos e dirigentes esportivos criticaram a
falta de segurança no jogo entre Al Masry e Al Ahli, um dos principais clubes
do país, e acusaram os governantes de permitirem - ou até causarem - a
tragédia.
"Isso é lamentável e profundamente triste. É o maior
desastre na história futebolística do Egito", disse o vice-ministro da
Saúde, Hesham Sheiha, à TV estatal.
Início do tumulto
O tumulto começou quase no final da partida,
quando o Al Masry, mandante do jogo, vencia por 3 x 1. Testemunhas disseram que a confusão começou depois que
torcedores do Al Ahli abriram cartazes ofendendo Port Said, e um deles entrou
no campo com uma barra de ferro. A torcida do Al Masry reagiu invadindo o
gramado e agredindo os atletas do Al Ahli, e depois voltaram às arquibancadas
para bater em torcedores rivais.
A maioria das mortes foi de pessoas pisoteadas pela
multidão ou que caíram das arquibancadas, segundo testemunhas. A TV transmitia a partida ao vivo e mostrou torcedores
correndo pelo gramado atrás de atletas do Al Ahli. Alguns policiais formaram um
corredor para tentar proteger os jogadores, mas aparentemente foram dominados
pelos torcedores, que continuaram chutando e socando os atletas em fuga.
imagem: voluvia.com
"Isso não é futebol. É uma guerra, e as pessoas
estão morrendo na nossa frente. Não há movimento, não há segurança e não há
ambulâncias", disse Mohamed Abo Treika, jogador do Al Ahli, ao canal de TV
do clube.
"Proponho que o campeonato seja cancelado. Essa é
uma situação horrível, e o dia de hoje pode ser esquecido." A TV estatal disse que a Federação Egípcia de Futebol
suspendeu por tempo indeterminado os jogos da primeira divisão do país.
'Ligações com Mubarak'
O deputado Albadry Farghali, que representa a
cidade, acusou as autoridades e forças de segurança de permitirem o desastre, e
disse que elas ainda têm ligações com o governo do presidente Hosni Mubarak,
deposto há um ano numa rebelião popular.
"As forças de segurança fizeram isso ou deixaram
acontecer. Os homens de Mubarak ainda estão dominando. O chefe do regime caiu,
mas todos os seus homens ainda estão nas suas posições", afirmou ele, aos
berros, num telefonema a uma TV. "Cadê a segurança? Cadê o governo",
cobrou.
Uma fonte médica e testemunhas disseram que há vários
policiais entre os mortos. Hospitais em toda a zona do canal de Suez foram
colocados de prontidão, e dezenas de ambulâncias foram das cidades de Ismailia
e Suez para Port Said, segundo fontes locais.
No Cairo, outro jogo foi interrompido quando o árbitro
recebeu a notícia da tragédia, e isso levou os torcedores a incendiarem parte
do estádio, conforme mostrou a TV egípcia.


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