Da Agência
O Globo
imagem: fotosimagens.net |
A pernambucana
Islane Talita Messias de Lima, de 20 anos, é um exemplo recente dos problemas
apontados pela pesquisa da Fiocruz. Ela começou a sentir dores em 6 de
fevereiro e teve o bebê Tales Thiago de Souza Lima oito dias depois, após
peregrinar por cinco maternidades entre Recife e Olinda.
Foi encaminhada
para a sala de parto na sexta instituição à qual acorreu e só não tem queixas
do atendimento prestado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de
Pernambuco e no Tricentenário, onde na última quarta-feira se recuperava do
parto do dia anterior.
Para a avó de
Tales, a servidora pública Lindineves Messias dos Santos, de 44, o neto poderia
até ter outro nome: "Rodízio de Hospital", ironizou.
Lindineves
acompanhou de perto o sofrimento da filha, que no ano passado enfrentou um
aborto, depois de receber tratamento inadequado em instituições públicas.
Apesar das hemorragias constantes, era medicada apenas com Dipirona e Buscopan
e perdeu o bebê meia hora depois de ter saído de um hospital onde não
diagnosticaram sua gravidez.
Na segunda gestação,
teve acompanhamento pré-natal. Quando sentiu as primeiras dores, acorreu ao
posto de saúde do bairro da Mangueira e de lá foi encaminhada para um hospital:
"Procurei a
Maternidade Bandeira Filho, mas lá só havia três médicos. Dois estavam fazendo
partos e um terceiro não passava bem. Quando terminaram, atenderam primeiro o
colega, que então passou a examinar as mulheres", relembrou Islane, que
chegou de manhã no hospital e só saiu às cinco da tarde, depois de saber que
estava com dilatação de dois centímetros.
No dia seguinte,
ela procurou a maternidade do Hospital das Clínicas, da UFPE:
"Cheguei lá
às 7h e às 8h estava sendo atendida. Os médicos foram atenciosos, mas não tinha
leitos disponíveis. Na quarta, retornei à Maternidade Bandeira Filho. Minha avó
brigou com a doutora e me levou para o Hospital Barão de Lucena. O médico me
mostrou uma mulher gritando e disse: dor de parir é isso daí. E me mandou para
casa, dizendo que o HBL só atende gravidez de risco e que eu só tinha dois
centímetros de dilatação".
No sábado, 11, foi
de novo para o HC-UFPE: "O
atendimento foi bom, e os médicos atenciosos. Disseram que eu tinha três
centímetros de dilatação, mas que não havia leitos. E me orientaram a retornar
ao hospital, atrás de vaga, se aparecesse sangue na secreção (vaginal). Resolvi
esperar até a terça, quando voltei ao HC. Deram bom atendimento, fizeram minha
ficha, mas não tinha leito. E eu já estava com quatro centímetros de
dilatação".
No HC, os médicos
advertiram que ela não tinha mais como ficar em casa, já que o bebê não poderia
esperar até a terça-feira. Ela ainda foi para duas maternidades, até ser
encaminhada para o hospital Tricentenário, em Olinda, onde o bebê nasceu,
finalmente, na terça-feira. Mãe e filho passam bem.
O Tricentenário tem
42 leitos para gestantes e se orgulha de ser a única maternidade pública do
estado com equipes completas 24 horas por dia. Só este ano, foram 827 partos. O
hospital é filantrópico e mantido pelo SUS, com repasses feitos via prefeitura.
É a única maternidade pública da cidade.
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