Do
NE10
Elas
não votam. Nas palavras do Código Eleitoral Brasileiro, estão no grupo da
incapacidade civil relativa. Contudo são elas, as crianças, quem mais recebe o
acúmulo de consequências das decisões políticas. Por esta razão, sociedade
civil, Estado e áreas de responsabilidade social de empresas têm-se dedicado
cada vez mais aos cuidados com o público mirim.
Já
que as crianças e os adolescentes até os 16 não votam, fica a cargo da
população com poder de escolha nas urnas a análise de propostas que atendam às
demandas dos direitos da infância e adolescência. E alguns eleitores, em
especial, têm-se dedicado a analisar e acompanhar as políticas públicas focadas
na população infanto-juvenil.
Itamar
Gonçalves é um desses. Gerente de Programas da Childhood Brasil, organização
especializada em proteção à infância, ele conta que o primeiro passo que espera
de quem assumirá as prefeituras do país em 2013 é o fortalecimento das
políticas que já existem. "Os conselhos, casas de acolhimento e redes de
proteção precisam de investimento e incentivo para fortalecer sua
atuação", destaca.
“É dever da família,
da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à saúde, à alimentação, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão. Artigo 227 da Constituição Federal de 1988”
Para
Itamar, um dos maiores entraves dos cuidados municipais com crianças e
adolescentes é a falta de recursos, apesar de a Constituição Federal e o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) lhes garantirem "prioridade
absoluta". "Todos os municípios deveriam ter um plano de
enfrentamento à violência, mas muitos gestores não incluem isso no
orçamento", enfatiza.
Rosa
Sampaio, coordenadora da ONG recifense Auçuba e integrante do Fórum dos Direitos
da Criança e do Adolescente, concorda com Iatamar. Para ela, além do baixo
investimento público, a ausência de implementação e regulamentação das leis
existentes dificultam o trabalho. "Temos leis muito bonitas para a
infância, mas pouca coisa é colocada em prática como deveria ser, especialmente
dentro da esfera do município", frisa.
Referindo-se
ao que espera dos vereadores e prefeitos que tomarão um posto nas câmaras e
prefeituras municipais após o resultado do dia 7 de outubro, Rosa proriza a
atenção à educação e à prevenção da violência. "O legislativo deve pensar
leis que priorizem a educação na primeira infância no município e o executivo
deve prever recursos no orçamento de sua gestão, especialmente para formação e
combate à violência", diz.
E
Itamar deixa o recado: "As instâncias do município devem atuar em conjunto
com as organizações da sociedade civil e empresas. A Copa e as Olimpíadas estão
vindo, mas poucos municípios se preocupam com os impactos para a infância e
adolescência. Não adianta fazer somente de última hora", defende.
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