Do
Estado de Minas
Agora,
além de irem parar na cadeia por violência doméstica, os homens que agredirem
mulheres poderão ser mais uma vez levados à Justiça e, se condenados, obrigados
a devolver à Previdência Social os gastos com auxílio-doença, aposentadoria por
invalidez e pensão por morte. A Previdência estendeu para o âmbito doméstico as
ações regressivas, nas quais o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) busca
o ressarcimento de valores pagos em benefícios previdenciários resultantes de
ações de terceiros.
Para
marcar o ingresso da Previdência Social na luta contra a violência doméstica
foi assinado, ontem, um convênio com a Secretaria de Políticas para as Mulheres
e o Instituto Maria da Penha. A parceria busca o desenvolvimento de ações e
políticas de proteção à mulher por meio de medidas preventivas e repressivas.
“Estamos nos redimindo um pouco e tentando resgatar o erro maior, que é a
violência praticada contra as mulheres”, disse o ministro Garibaldi Alves.
O
procurador-chefe do INSS, Alessandro Stefanutto, defendeu a eficácia das ações
regressivas como pedagógicas. O que o INSS espera é que, com mais essa punição,
os homens agressores pensem 10 vezes antes de bater em uma mulher, porque vão
sentir o crime no bolso também. Para o presidente do órgão, Mauro Hauschild,
não é justo que todos os trabalhadores brasileiros que contribuem mensalmente
para a Previdência Social arquem também com benefícios que não seriam
concedidos se não fossem provocados pelas agressões domésticas.
Em
celebração à participação da Previdência Social na luta, o INSS agendou para
terça-feira que vem – aniversário da Lei Maria da Penha – o ajuizamento de três
ações regressivas decorrentes da violência doméstica e familiar contra a
mulher. Duas serão propostas na Justiça Federal em Brasília. O INSS tentará
condenar o marido de uma segurada que, devido a constantes maus-tratos, está
recebendo auxílio-doença. O companheiro tentou matá-la com socos, pontapés,
água quente e objetos pontiagudos. A mulher escapou praticamente inválida. A
Previdência já pagou neste caso, de auxílio-doença, cerca de R$ 40 mil.
Nas
outras duas ações, o INSS tentará receber dos agressores pensões por morte. Em
uma delas, o agressor, por ciúme, enforcou a mulher. A pensão é de direito do
filho, um bebê de 1 ano à época do crime. A outra de ressarcimento será movida
no Rio Grande do Sul, onde um marido matou a mulher a facadas. Ela era segurada
da Previdência Social e deixou o benefício para os dois filhos.
Processo
antes da condenação
O
procurador-chefe do INSS, Alessandro Stefanutto, explicou que a autarquia não
vai esperar a condenação do réu para entrar com o processo. “Se o réu já foi
condenado, é mais simples. Mas, para o ajuizamento da ação, já nos servirá de
base a denúncia do promotor ou o próprio inquérito aberto pela polícia”,
afirmou. Segundo ele, estão em fase de análise cerca de 8 mil processos
recebidos da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher no DF.
O
INSS avalia a possibilidade de entrar com uma ação contra o ex-marido da
própria Maria da Penha, que dá nome à lei. Ela hoje preside o instituto com seu
nome e estava bastante emocionada durante a cerimônia. “Estamos analisando por
causa da possibilidade de o crime já estar prescrito. Aconteceu há muito
tempo”, disse o procurador.
O
marido de Maria da Penha tentou matá-la duas vezes em 1983. Da primeira vez,
com arma de fogo e na segunda por eletrocussão e afogamento. As tentativas de
homicídio resultaram em lesões irreversíveis à saúde de Maria da Penha. Ela
ficou paraplégica e com outras sequelas, por isso recebe aposentadoria por
invalidez do INSS.
As
ações regressivas começaram a ser adotadas pelo INSS em 1991. Primeiro, o
instituto buscou as empresas que descumpriam normas de saúde e segurança no
trabalho. No ano passado, o INSS deu início às ações regressivas em casos de
acidentes de trânsito provocados por terceiros, considerados graves ou
gravíssimos. Agora é a vez da violência doméstica. “Bater em mulher é
inadmissível, é crime. Quem insiste nessa conduta tem que ser penalizado e
responsabilizado”, declarou a ministra da Secretaria de Políticas paras
Mulheres, Eleonora Menicucci.
Um comentário:
porra, e se as mulheres agredirem os homens?
Postar um comentário