Da
Agência O Globo
oglobo.globo.com |
Colunista do jornal O
Globo e ocupante da cadeira 31 da Academia Brasileira de Letras (ABL), Merval
Pereira lança este mês o livro "Mensalão - O dia a dia do mais importante
julgamento da história política do Brasil", da editora Record. Estão
reunidas colunas publicadas no jornal entre 2 de agosto e 11 de dezembro,
período em que a Ação Penal 470 foi julgada no Supremo. Além desses textos,
Merval apresenta aos leitores dois novos artigos. "Fecho de Ouro" é
dedicado à última sessão do julgamento. E "A escolha dos heróis" é um
ensaio que reflete sobre os quatro meses de julgamento.
"A leitura em
conjunto dá uma dimensão mais ampla da importância do julgamento, e permite ao
leitor acompanhar os movimentos políticos que giraram em torno daquele
acontecimento histórico com um distanciamento que permite uma análise mais
acurada", conta Merval. "Além do mais, muita gente não leu todas as
colunas e esses leitores terão a oportunidade de recordar como os fatos se
passaram. Por último, o livro se transforma em um registro histórico importante."
Além dos textos inéditos,
o livro traz um prefácio escrito por Carlos Ayres Britto, ex-ministro e
ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que destaca a qualidade do
livro e diz que "Merval Pereira se desloca do campo descritivo para a
análise objetiva de cada um deles (os fatos de natureza delituosa)".
Britto aponta ainda que "Merval Pereira, cidadão full time e
conscientemente postado no píncaro da devoção à causa pública, entregou-se à
corajosa missão de escrever os artigos, na presciência de que a Ação Penal 470
sinalizava uma virada cultural de página no nosso país".
O livro tem ainda a coluna
escrita no dia que Merval aponta como sendo realmente histórico no julgamento
do mensalão. Na página 160 está "Dirceu faz história", que conta o
episódio da condenação do ex-ministro.
"(O dia histórico)
sem dúvida nenhuma foi o dia em que o ex-ministro José Dirceu foi condenado,
pelo simbolismo que a decisão embute: a lei existe para todos, e não há ninguém
acima dela. Até aquele momento, havia muita gente que ainda não acreditava que
a condenação pudesse acontecer", diz Merval, que acredita que o julgamento
contribuiu para consolidar a democracia no país:
"É mais um passo
nesse sentido. O fortalecimento da independência do Poder Judiciário é
fundamental para que a nossa democracia não se torne uma daquelas
"democracias" que existem na nossa região, onde o Executivo controla
não apenas o Legislativo como principalmente o Judiciário."
O autor lembra ainda que
"a liberdade de imprensa é outro fator fundamental para a existência de
uma democracia real": "Juntamente com um Judiciário independente, a
liberdade de imprensa é outro fator fundamental para a existência de uma
democracia real, e essas duas instituições democráticas atuaram em sua
plenitude durante o julgamento. Até quando o ex-presidente Lula tentou
interferir no julgamento, adiando-o, a manobra foi abortada pela denúncia da
imprensa."
Perguntado se a partir do
julgamento, o Brasil entra em nova era na política, Merval reconhece que
"ainda não houve influência direta no dia a dia da política
brasileira": "Tomara que sim. Como estamos vendo nas eleições para a
presidência do Senado e da Câmara, ainda não houve uma influência direta no dia
a dia da política brasileira, mas estamos caminhando na direção correta, com a
Lei do Ficha Limpa, o Supremo independente e a imprensa com liberdade."
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