Por causa do Enem, a virada de
2011 para 2012 não foi boa para Michael Cerqueira de Oliveira. O estudante de
São Paulo, de 19 anos, recorreu à Justiça após descobrir que tivera a redação
da prova anulada, o que frustraria seu sonho de entrar na universidade. “Foi
uma preocupação. Minha família toda rezava para que desse certo”, conta.
Com a ajuda da escola onde cursou
o ensino médio, ele entrou com ação individual contra o Inep. O órgão se
antecipou à decisão judicial e atendeu ao pedido do jovem, mudando a nota de
zero para 880 (em mil) - o primeiro caso conhecido de alteração do resultado.
Cerqueira diz, porém, que até hoje não sabe os motivos da anulação.
Para ele, seu caso foi importante
para iniciar a jurisprudência sobre o assunto e promover ajustes. “Depois disso
houve mudança de regras e aumento do número de corretores”, afirma. Apesar do
imbróglio, ele não precisou da nota do Enem: ingressou no curso de
Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, que adota vestibular próprio.
Já o estudante de Goiânia José
Marcos Coelho Júnior, de 20 anos, não teve a mesma sorte. Ele conseguiu liminar
favorável à revisão da prova corrigida. O Inep, contudo, se negou a mudar a
nota após a reavaliação e Coelho não conseguiu a vaga desejada no curso de
Medicina.
Inscrito no Enem pela quinta vez,
ele acredita que valem a pena as tentativas judiciais e a mobilização contra
erros na prova. “Ainda é preciso fazer com que o Ministério da Educação seja
mais transparente”, aponta.
Episódios criminais
Além de problemas no edital e
critérios de correção, o histórico de fraudes do exame é um capítulo à parte no
Judiciário. Em agosto deste ano, o professor Jahilton Motta, do Colégio
Christus, foi condenado a 6 anos de reclusão pelo vazamento de questões em
2011. Já a denúncia contra outros quatro acusados - duas representantes do
Inep, entre eles - não foi aceita.
Em relação ao furto de provas da
gráfica em 2009, a Justiça condenou quatro dos cinco acusados.
Agência Estado
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