![]() |
Foto: Internet |
A saúde no município pernambucano
de Petrolina, a 721 quilômetros de Recife, está em alerta. Atrasos em repasses
de verbas federais estão comprometendo o funcionamento do Hospital de Urgência
e Trauma (HUT), atual Hospital Escola da Universidade Federal do Vale do São
Francisco (Univasf). A situação chegou a um ponto crítico nesta semana, quando
os médicos da unidade anunciaram que entrarão em greve por tempo indeterminado
a partir da próxima sexta-feira (24/01).
O 1º vice-presidente do Conselho
Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, está preocupado e acompanhando os
desdobramentos da situação em Pernambuco por meio do Conselho Regional de
Medicina (Cremepe), onde também atua como conselheiro. Para ele, o caso de
Petrolina é emblemático e reflete problemas que afetam historicamente o Sistema
Único de Saúde (SUS).
“O caso de Petrolina é mais uma
prova de que, além da falta de recursos para a saúde, a gestão falha ao
administrar de forma inadequada o pouco que se tem. As entidades médicas têm
denunciado esses equívocos na execução das políticas, projetos e programas na
área da saúde. Não podemos permitir que essas situações prejudiquem a
população, já tão penalizada, e os médicos e outros profissionais que atuam no
atendimento”, disse Carlos Vital.
A decisão dos médicos de
suspender as atividades em protesto contra a demora no repasse das verbas e
suas consequências para o HUT foi tomada na noite de segunda-feira (20/01), em
assembleia geral da categoria. Um dos problemas decorrentes desse atraso é o
não pagamento dos salários dos profissionais. Também há falta de condições de
trabalho na unidade, o que compromete o exercício da Medicina e a qualidade do
atendimento oferecido. Com a paralisação, ficam suspensos os serviços eletivos
(consultas, exames e outros procedimentos). Ficam assegurados os atendimentos
na chamada área vermelha e na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Providências – O presidente do
Cremepe, Sílvio Rodrigues, acompanhou a assembleia da categoria, em Petrolina.
Em sua avaliação, trata-se de um movimento legitimo, pois não envolve apenas
questões salariais, mas também, condições de trabalho e da assistência à
população. Para o diretor do Sindicato dos Médicos do Estado (Simepe), Tadeu
Calheiros, a medida foi necessária uma vez que o Governo Federal não demonstra
compromisso e respeito com os profissionais e a população que depende dos
serviços do hospital.
“O Simepe recebeu da Univasf um
documento informando que o Ministério da Saúde não repassou a verba destinada
para gestão, operacionalização e execução dos serviços do hospital e que,
portanto não há previsão para o pagamento dos médicos”, comentou. De acordo com
o documento, o montante não repassado é de R$ 3.037.228,22. Há suspeita de que
este valor tenha sido usado pela União para compor superávit primário de 2013.
“Recentemente a própria mídia divulgou que recursos do SUS podem ter sido
desviados para compor o superávit primário. Sem dúvida, é uma situação que
merece ser apurada”, pontuou Calheiros.
Diante desse cenário, as entidades
de representação da categoria médica em Pernambuco decidiram denunciar o caso
ao Ministério Público Federal, assim como solicitar que o Instituto de Saúde e
Gestão Hospitalar (ISGH) seja investigado por indícios de irregularidades
administrativas. Na próxima terça-feira (28), os profissionais voltarão a se
reunir em assembleia geral, no auditório do HUT, para avaliação do movimento.
Portal Cremepe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário