Foto: Gil Ferreira/11.03.2013/ Agência CNJ |
Sérgio Moro é o responsável pela
Operação Lava Jato
Se a vida do juiz Sérgio Moro
virasse um filme, seria fácil construir a narrativa até o momento em que ele
ser tornou protagonista da Operação Lava Jato e, a partir daí, conhecido
nacionalmente. Desde que entrou na Justiça Federal, há 18 anos, a impressão que
se tem é que Moro vem sendo, ao longo dos anos, preparado para este caso.
As primeiras prisões da Lava Jato
assinadas por Moro investigavam mais uma ação de um grupo de doleiros. Entre
eles, Alberto Youssef, velho conhecido do juiz por já ter sido preso outras
oito vezes no Paraná, estado natal de ambos.
Com os conhecimentos que acumulou
ao longo dos últimos anos em julgamentos de lavagem de dinheiro, Moro se
deparou com uma investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, que
foi puxando o fio do novelo (seguindo o dinheiro, como o próprio Moro chegou a
dizer em palestra) e chegou ao bilionário esquema de corrupção instalado na
Petrobras, maior empresa brasileira, com envolvimento de políticos, doleiros,
operadores e empresários.
Estudioso da Operação Mãos
Limpas, que acabou com um complexo sistema de corrupção na administração de
Milão, na Itália, Moro virou um dos personagens centrais de uma operação no
Brasil que pode se tornar tão grande quanto a Mãos Limpas italiana.
Em artigo de 2004, exatos dez
anos antes do início da Lava Jato, Moro descrevia a amplitude das Mãos Limpas.
“A ação judiciária revelou que a vida política e administrativa de Milão, e da
própria Itália, estava mergulhada na corrupção, com o pagamento de propina para
concessão de todo contrato público”, escreveu na introdução.
As coincidências entre o objeto
de estudo de Moro e a Lava Jato não param na magnitude das duas operações. A
Mãos Limpas aconteceu graças a um intenso trabalho do judiciário italiano. Dois
anos depois do início das investigações, 2.993 mandados de prisão haviam sido
expedidos, 6.059 pessoas estavam sob investigação, incluindo 872 empresários,
1.978 administradores locais e 438 parlamentares, sendo que quatro deles haviam
sido primeiros-ministros. E, na Itália, a rede de corrupção chegou até estatal
de petróleo italiana, que abastecia os caixas dos partidos políticos com
dinheiro vindo de propina.
Não é difícil de se imaginar que
Moro queira chegar perto dos números da Mãos Limpas. Além da experiência no
assunto, reconhecida nacionalmente a ponto de ter sido requisitado pela
ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), para auxiliá-la no
julgamento do mensalão, Moro é conhecido pelos colegas pela sua agilidade. Ele
finaliza uma enorme quantidade de trabalho em pouco tempo, chegando inclusive a
surpreender os experientes advogados que defendem os empresários das maiores
empreiteiras brasileiras presos em Curitiba.
O sistema online de acompanhamento
processual da Justiça do Paraná dá pistas sobre os hábitos de trabalho do juiz.
A velocidade das atualizações faz com que quem acompanha o sistema de perto
acredite que ele leva trabalho para casa.
Portal R7
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