segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Fiat abre caminho para indústria pernambucana

Por Angela Fernanda Belfort do Jornal do commercio

Entre 5 mil e 8 mil itens são usados na montagem de um automóvel. Isso dá uma ideia dos negócios gigantes que envolvem a implantação da montadora da Fiat.
A confirmação da planta em Goiana, Zona da Mata Norte de Pernambuco, está levando algumas empresas a fazerem novos planos, incluindo investimentos, aumento da produção no futuro e mais empregos. “Para montar os veículos, serão necessários assentos, componentes plásticos (para-choque, painel), amortecedores, direção, bancos, filtros de ar, filtros de combustível, entre outros.
É uma grande diversidade de produtos”, resume o coordenador do Núcleo de Desenvolvimento, Articulação e Integração Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Antonio Sotero.


“Já estamos em negociações com a Fiat, mas não posso citar números. Se fecharmos esse contrato, vamos investir mais e gerar novos empregos”, diz o diretor operacional da Musashi, Roberto Hazin. Localizada em Igarassu, a Musashi fabrica engrenagens usadas nos motores e câmbio automotivos, empregando mil funcionários.

No rastro da implantação da montadora, a empresa Baterias Moura iniciou, em janeiro último, um investimento de R$ 500 milhões nos próximos 10 anos. “A nossa expectativa é que esse investimento cresça, porque ocorreu um aumento do investimento total da Fiat. A fábrica de Belo Jardim já está um canteiro de obras”, afirma o diretor comercial da Baterias Moura, Luiz Mello. No final do ano passado, quando a montadora foi anunciada, seriam empregados R$ 3 bilhões na implantação da fábrica com a capacidade para produzir 200 mil veículos por ano. Na semana passada, o presidente da Fiat no Brasil, Cledorvino Belini, afirmou que o investimento será de R$ 4 bilhões na unidade que poderá fabricar entre 200 mil e 250 mil veículos anualmente.
O otimismo da Moura é grande. “A nossa crença é que seremos mais competitivos porque estamos próximos e somos fornecemos da Fiat há 32 anos”, diz Mello, acrescentando que a empresa local fornece 70% do que a Fiat compra para os automóveis e 100% das baterias da Iveco, uma empresa do mesmo grupo, que produz vans. As modificações que estão sendo feitas na fábrica da Baterias Moura vai fazer com que a empresa chegue a 2016 com um aumento de 30% da capacidade instalada comparando com a atual.
As alterações feitas na fábrica visam, segundo Melo, atender ao crescimento do mercado de reposição e aos novos contratos que a empresa “vai conseguir”. A empresa também esteve, nos últimos três anos, entre os fornecedores contemplados com o Prêmio Qualitas, iniciativa da montadora que reconhece os fornecedores que se destacam pela qualidade. “A implantação da Fiat em Pernambuco tem tudo para ser um casamento perfeito”, destaca Mello. A Baterias Moura produz cerca de 6 milhões de baterias por ano e emprega cerca de 3 mil funcionários. A expectativa de atender a Fiat também chega aos empreendimentos que estão se implantando em Suape e até a alguns que ainda estão no papel.

“A implantação da Fiat enriquece o nosso projeto. Estamos conversando com a empresa desde o começo do ano”, admite o diretor de operações da Companhia Siderúrgica Suape (CSS), Alberto Cunha. No projeto original, a empresa incluiu uma linha de produção de aço galvanizado, que é muito utilizado na produção de veículos. “A nossa intenção é fazer uma ajuste nessa linha e atender à montadora”, comenta. As obras de terraplenagem da CSS devem começar no segundo semestre deste ano.

Outras empresas que deverão ter uma parte da sua produção destinada à montadora são a antiga TCA – comprada pela própria Fiat que tem uma unidade em Jaboatão dos Guararapes na qual fabrica chicotes elétricos – e a PetroquímicaSuape, a qual está se implantando naquele complexo industrial. A planta petroquímica vai produzir um filamento liso (Full Draw Yarn), matéria-prima usada para fazer assentos dos automóveis e o estofado lateral. A estatal também vai produzir o filamento texturizado (Full Draw Yarn) e a resina PET. A partir do primeiro é fabricado um item presente em todos os veículos, o cinto de segurança. O segundo é utilizado na estrutura do piso de alguns veículos.
A expectativa, segundo empresários que atuam no setor, é que as empresas que fabriquem cintos, assentos e estofados se implantem por aqui já que as matérias-primas necessárias serão produzidas pela petroquímica, que vai estar fabricando os três materiais até o final de 2012.
O aumento da produção não chega apenas nas atividades ligadas ao setor automotivo. “Uma montadora do porte da Fiat vai gerar uma movimentação de cerca de 100 mil TEUs por ano, independente da localização ser Suape ou Goiana”, afirma o presidente do Terminal de Contêineres do Porto de Suape (Tecon-Suape), Sérgio Kano. Isso vai significar um acréscimo de 25% da movimentação deste ano, que deverá ser de 400 mil TEUs. O TEU é uma unidade que mede o que pode ser transportado num contêiner de 20 pés.

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