quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Prefeito afastado de Araçoiaba admite falhas nas contas da Prefeitura


O prefeito afastado de Araçoiaba, na Região Metropolitana do Recife, Severino Alexandre Sobrinho (PMDB), rompeu o silêncio e falou na noite de quarta-feira (14) à TV Jornal. Na entrevista levada ao ar no TV Jornal Manhã desta quinta (15), Sobrinho admite falhas nas contas da Prefeitura, mas diz que tudo está justificado.
"Araçoiaba é uma cidade pequena, vive só do IFPM. Tem aqueles meses em que o IFPM cai e a gente tem que pagar a folha, pagar fornecedor...Aí, às vezes, existem as falhas. Tudo isso foi tirado para pagar folha, para pagar custos da própria prefeitura. Minhas contas estão aí. Pode abrir. Façam um levantamento da minha vida. O que eu tenho quando entrei na política e o que tenho agora", disse à reportagem da TV.

O material apresentado no telejornal aponta também que 20 funcionários ligados à contabilidade da Prefeitura simplesmente desapareceram desde que as denúncias contra a administração começaram a aparecer.
Severino Alexandre Sobrinho foi afastado do cargo em julho deste ano, acusado de improbidade administrativa. Em seu lugar, assumiu o vice-prefeito, Carlos Jogli (PSDB), que durante 10 dias levantou irregularidades nas contas públicas do município.
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) reprovou as contas de 2005, 2006 e 2007. O relatório de 2008 ainda não foi julgado, mas, de acordo com o Tribunal, há diversas irregularidades, assim como nos exercícios de 2009 e 2010, que ainda estão sendo apurados. As contas deste ano estão sendo levantadas em tempo real e já apontam desvios.
Na última segunda-feira (12), Polícia Federal (PF), Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e Controladoria-geral da União (CGU) montaram uma força-tarefa e apreenderam dezenas de documentos e computadores no município de Araçoiaba.
A força-tarefa aponta diversas irregularidades no município: rombo de R$ 2,18 milhões no Fundo de Previdência do município, desvio de R$ 2,361 milhões de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), desvio de R$ 1,3 milhão de recursos da educação, gastos suspeitos com combustível de R$ 604 mil, R$ 71 mil gastos em despesas com metais para banheiros que não foram encontrados nas escolas.
PF, MPPE, CGU e TCE investigam ainda se houve desvio de recursos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), dinheiro público usado na reforma de imóveis particulares, desvio de recursos de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apropriação indevida de descontos em folha de empréstimos de funcionários, não repassados aos bancos credores, uso de notas frias, uso de cheques da Prefeitura por agiotas, direcionamento em licitações, contratação de empresas de fachada e atendimento precário nas unidades de saúde municipais.


A cidade cenário de tantas denúncias de desvios e corrupção é a que apresenta o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Região Metropolitana, 0,637.

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