quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ópera pop vai contar passagem de Maurício de Nassau por Pernambuco

Roberta Rêgo
Do G1 PE
Episódio do boi voador, protagonizado por Nassau, será contado com um frevo (Foto: Divulgação)
Um palco de três andares com vinte metros de altura, cenários projetados em um painel de led gigante, duzentas pessoas em cena – incluindo a Orquestra Sinfônica do Recife.
É com essas dimensões que a história da ocupação holandesa em Pernambuco vai ser contada no aniversário de 475 anos do Recife, em março de 2012. O espetáculo em questão é “Nassau: uma ópera pop pernambucana”, já aprovado pela lei Rouanet, concebido pelo cartunista e músico Lailson e pelo maestro Fabio Valois.
O projeto da ópera pop foi apresentado no Recife na noite da terça-feira (25). No evento, foi lançado o CD com a trilha sonora da peça, que vem com um livreto de 40 páginas, e exibidos videoclipes inéditos que vão compor o cenário da ópera. O CD não está à venda – é uma das estratégias para familiarizar o público com a ideia, já que ópera pop não é algo comum à realidade cultural de Pernambuco. Outras ações estão previstas com esse objetivo, como disponibilizar clipes e músicas para download.
A história é contada em 23 músicas e se passa no momento em que o conde Maurício de Nassau é chamado de volta à Holanda. São três os personagens principais: Nassau, Anna Paes e Fernandes Vieira e ponto culminante, a Batalha dos Guararapes. No CD, os dois primeiros papéis são ocupados, respectivamente, pelos cantores líricos Ricardo Farias e Adalgisa Marques. O próprio Lailson representa Fernandes Vieira e vários outros personagens. Também participam cantores como André Rio, Paulinho Leite, Alcymar Monteiro e Rogério Rangel. O elenco da ópera ainda não foi definido.

Nos clipes, Maurício de Nassau aparece com o cabelo todo feito de interrogações. Segundo Lailson, é uma brincadeira com o imaginário dos pernambucanos. “Será que ele queria ser rei ou era apenas um funcionário? Poderíamos ter de fato sido um principado independente?”, questiona.


Ópera moderna
Para compor as letras, Lailson buscou inspiração no livro “O valeroso lucideno e triunfo da liberdade na restauração de Pernambuco”, de frei Manuel Calado de Salvador. A ideia nasceu em 2009 e as composições começaram a ser feitas em maio do mesmo ano. “É o tipo do trabalho que só podia ser feito no século XXI“, conta Lailson. É que os músicos e cantores não se reuniram para fazer a ópera, o processo de criação teve gravações isoladas, encontros de partes do grupo e muita troca de arquivos pela internet.
E o que é exatamente uma ópera pop? “Em um musical, as pessoas estão conversando e de repente começam a cantar. Numa ópera tudo é cantado, todos os diálogos. A letra e a música são intrinsecamente ligadas. Você acompanha a história pelas letras e sente o clima pelas músicas”, explica Lailson. E ela vira pop porque os ritmos são variados. “Colocamos ritmos típicos locais e músicas universais contemporâneas”.
Variedade mesmo. Um frevo conta o clássico episódio do boi voador, peripécia conhecida de Nassau no Recife. A música "Mauritsstadt" usa uma levada manguebeat para descrever as paisagens da cidade quando os holandeses chegaram por aqui. Por fim, o conflito entre a Inquisição e a liberdade religiosa com que os judeus sonhavam virou um hip hop. Uma embolada enumera a variedade gastronômica da cidade.

No palco
A montagem mesmo, ao vivo, está prevista para os dias 8, 9,10 e 11 de março, no parque Dona Lindu, em Boa Viagem, antecedendo o aniversário do Recife (dia 12). Os figurinos são de Leopoldo Nóbrega, que também assina, junto com Beth Araruna, a estrutura de palco.
A entrada deve ser gratuita e a recomendação é para todas as idades. Segundo Lailson, o espetáculo proporciona diferentes graus de compreensão. “Quem tem uma percepção melhor da história de Pernambuco vai notas os conflitos sociais. Quem não conhece, vai descobrir os conflitos de um cara que não sabe se quer ou não ser rei e construiu castelos por aqui”, brinca. O projeto é comandado por Lailson (direção artística), Fabio Valois (direção musical), Eduardo Couceiro e pela agência Atma+Bianchi.

Nenhum comentário: