segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A SECA DE 1877 E SEUS REFLEXOS EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE


O PRIMEIRO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NA SECA DE 1877

ESPAÇO URBANO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

Situada em terreno acidentado, cercada e entremeada de alagadiços formados pelo Rio Tapacurá e por seus afluentes: os Riachos Roncador, Caricé e Água Branca, a cidade da VITÓRIA DE SANTO ANTÃO foi, durante longos anos, talvez a mais insalubre do interior pernambucano.

PROBLEMAS SOCIAIS

O IMPALUDISMO, a VARÍOLA e outras doenças ceifavam, periodicamente, centenas de vidas, sobretudo entre as classes mais desamparadas de recursos para alimentação e para tratamento médico.


Agravavam, ainda, a situação, a falta de água potável, de esgotos e fossas higiênicas, bem como o não cumprimento das Posturas municipais que proibiam a criação e soltura de porcos, cabras, carneiros e aves na cidade; o escoamento de águas servidas para a via pública e o depósito de lixo nos quintais e em terrenos baldios, onde não raro se atiravam dejetos humanos e animais mortos.

Conseqüência natural dessas condições adversas era o elevado índice de mortalidade na população, sobretudo infantil, verificado nas camadas do povo dos subúrbios, marcadas pela desnutrição e pelo pauperismo.


Apelos veementes da Câmara e das autoridades e clamores da imprensa local no sentido de o governo provincial ao menos minimizar os funestos efeitos dessa situação não eram atendidos senão esporadicamente, e assim mesmo com paliativos, por ocasião das grandes epidemias.

Só em 1877, quando a grande seca obrigou milhares de sertanejos e agrestinos a emigrar para a zona da mata, fez o governo instalar, nas principais cidades dessa região, alojamentos de emergência para os retirantes, e fornecer-lhes alimentos e remédios.

O PRIMEIRO MÉDICO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO


Dr. FRANCISCO DA CUNHA BELTRÃO
Do alojamento da Vitória encarregou-se, sem qualquer remuneração, o Dr. FRANCISCO DA CUNHA BELTRÃO, ilustre e humanitário clínico, nosso conterrâneo e senhor do ENGENHO BENTO VELHO, que prestou aos flagelados completa assistência, no limite de suas possibilidades.
Do Relatório da Comissão Geral de Socorro ás Vitimas da Seca, publicado em 15 de dezembro de 1878, consta que dos 669:069$580 arrecados e doados pelo governo para socorrer os retirantes, havia sido paga, na Vitória, só de medicamentos, a quantia de 14:106$590, não se indicando o total das despesas feitas com o fornecimento de gêneros alimentícios, cuja a ração diária, para cada pessoa adulta, era de 400 gramas de farinha de mandioca, 200 de carne seca e 125 de feijão.

Foi este o primeiro serviço assistencial prestado pelo governo na cidade da VITÓRIA.

ISOLAMENTO DOS DOENTES

A cidade da Vitória, por ocasião dos surtos violentos de VARÍOLA, mandava vacinar o povo, no que encontrava séria relutância, e alugava uma casa, fora do perímetro urbano, para isolar os doentes desvalidos e ministrar-lhes o tratamento então possível.

ENTERROS DE INDIGENTES

O enterramento dos indigentes era feito pela polícia, que recrutava, para tal fim, à força, populares, na via pública, quando não fazia conduzir os cadáveres, em carroças, para o cemitério.

Nota pitoresca nos dá o jornal: “O METEORO”, de 02 de julho de 1887:


“ENTERRO DE INDIGENTES- Para enterrar um desvalido que falecera na olaria de FRANCISCO PEDRO, a polícia, como de costume, prendeu dois criolos que encontrara na rua. Eram o Juiz e o secretário da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Para evitar tais enganos, faz-se mister andar de opa”.

FONTE: TEXTO ORIUNDO DO LIVRO DA HISTÓRIA DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE. CUJO O AUTOR É O PROFESSOR JOSÉ ARAGÃO.

POSTADO POR JOHNNY RETAMERO 

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