domingo, 6 de novembro de 2011

INSALUBRIDADE NA SAÚDE EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO II




A CÓLERA ASSOLA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE(SÉCULO XIX) PARTE 4

CONTINUAÇÃO DO RELATÓRIO DO PRESIDENTE DA PROVÍNCIA Dr. JOSÉ BENTO DA CUNHA FIGUEIREDO:

(...) “Aceitei o espontâneo oferecimento do Revmo. Provincial do Carmo, Fr. JOÃO DA ASSUNÇÃO MOURA, de mandar alguns religiosos de sua Ordem; e com efeito partiu, no mesmo dia, Fr. HERCULANO DO CORAÇÃO DE JESUS BRITO,indo igualmente o missionário capuchinho Fr. SERAFIM, que o digno Prefeito da Penha, com a maior prontidão e boa vontade, designou para seguir no mesmo instante em que lhe falei. 

Depois de três dias de grandes fadigas, que muito aproveitaram, regressou frei HERCULANO perigosamente enfermo. Também para lá foram os Carmelitas Fr. MANOEL SANTA CLARA, Fr. MANOEL DE SANTANA e Fr. LUIS.


“ A epidemia assumiu um caráter aassustador. Os mencionados estudantes foram acometidos e fugiram. Finalmente, no dia 03 de fevereiro, consegui expedir para a Vitória os Dres. CAETANO XAVIER PEREIRA DE BRITO e JOAQUIM ALVES RIBEIRO, que com a mais louvável complacência anuíram ao reiterado convite que lhes fiz, de irem acudir aqueles infelizes, levando todos os recursos de que necessitavam para o bom desempenho de sua Comissão, tais como algum dinheiro, um bom destacamento, e os medicamentos e gêneros que eles requisitaram.

“Os Dres BRITO e RIBEIRO, que só a 05 do mês citado, puderam chegar à cidade, nela demoraram-se dois dias, regressando a 7, por ter adoecido o primeiro.

Felizmente haviam então chegado da Bahia e de Alagoas alguns médicos e estudantes: fiz partir um deles, do 6° ano, MANUEL NUNES DA COSTA e o alemão FRANCISCO DE PAULA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE.

“A epidemia tinha então tocado ao apogeu e o presidente da Comissão de Higiene não descobriu outro meio de salvar a cidade, senão mandando-a reduzir a cinzas, para se não sacrificarem mais vítimas, como chamava ele a todos quantos fossem mandados socorrrer a Vitória.

“É um fato que, nessa  conjuntura, morriam diariamente 70 e tantas pessoas, e dia houve em que 120 cadáveres jazeram inspultados!!! Eu quero  crer que essa medida aconselhada pelo presidente da Comissão, e felizmente não abraçada, nasceu antes do terror da epidemia do que da malvadeza do coração.

“Graças, porém, a todos aqueles que não partilhavam da opinião do presidente da Comissão...
“O carmelita Frei HERCULANO, cujo exemplo animou o povo, assim como os serviços do padre FRANCISCO FERREIRA DE SOUZA BRANCO, dera conta das inhumações.
“O Frei Luiz combateu até ser ferido do mal com que regressou, no dia 10, à Capital, onde logo depois baixou à sepultura.

“O cirurgião do corpo de polícia Dr. JOSÉ JOAQUIM DE SOUSA não teve receio de ser vítima: afrontou o perigo, partindo à minha primeira ordem para a cidade da Vitória, e ali chegado no dia 10, deu logo as possíveis providências, tendo a seu lado os facultativos NUNES CASTRO, ALBUQUERQUE e RODRIGUES, que permaneceram até a extinção da epidemia, cuja declinação data da chegada do Dr. SOUSA, que mandou proceder à desinfecção total a 29, calculando-se o número de mortos em mais de 3 mil(...).

TEXTO ORIUNDO DO LIVRO HISTÓRIA DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO DO PROFESSOR JOSÉ ARAGÃO

POSTADO POR JOHNNY RETAMERO


FOTO: OPERAMUNDI.OUL.COM.BR

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