sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sitiantes do Engenho Una denunciam suposto crime ambiental na Usina Auxiliadora, em Moreno


Do Blog do Jamildo

Famílias de sitiantes que vivem no Engenho Una, localizado em Moreno/PE relataram à Comissão Pastoral da Terra denuncias de crimes ambientais promovidos pela Usina Auxiliadora, localizada no mesmo município. A CPT esteve presente no local e encaminhou a denúncia na tarde desta quinta à Agência Estadual de Meio Ambiente Recursos Hídricos – CPRH.

De acordo com a denúncia, a Usina Auxiliadora vem constantemente despejando vinhoto no Riacho do Engenho Una, ou no “Rio Grande do Engenho Una”, como é conhecido pelos sitiantes que vivem na região. O Rio nasce no Engenho Fortaleza, passa pelos Engenhos Una, Pocinho e Camaçari e deságua no Sistema Duas Unas - Barragem da Compesa, que está localizada na BR 232, em Jaboatão e que é responsável por parte do abastecimento d’água na região metropolitana do Recife.

O vinhoto, despejado no rio, é uma substância tóxica resultante do processo de fabricação do açúcar e do álcool a partir da cana-de-açúcar. A substância ao entrar em contato com o solo e com a água dos rios provoca contaminação e uma série de problemas ambientais.


Segundo um dos moradores do Engenho Una, que preferiu não se identificar, em época de moagem, a Usina solta o vinhoto no rio constantemente.

“No início desta moagem, que começou em setembro passado, dava pena de chegar perto do rio, os peixes tudo pequeno, era traíra, jundiá, tudo morto." O trabalhador comentou ainda que "o povo da Usina disse que foi por causa de um cano estourado, que eles não tinham dado fé, mas que iam resolver. Só sei que tá assim até hoje, quando pensa que não, eles despejam o vinhoto”.

Ainda em setembro, os moradores do Engenho se mobilizaram e encaminharam uma denúncia ao CPRH sobre o caso. "Mas até agora nada mudou”, informou o trabalhador.

De acordo com as famílias este não é um problema de setembro pra cá. Outro sitiante que vive no Engenho Una desde que nasceu, há 68 anos, informou que o problema é muito antigo.

“Nesse rio passa muito vinhoto há muitos anos e nunca ninguém fez nada”, destacou. Na região, mais de 30 famílias de sitiantes vivem e utilizam a água do rio, todos os dias, para tomar banho, lavar roupas, fornecer água aos animais, além de outras utilidades.

Com a denuncia, a CPT e os moradores do Engenho Una reivindicam que o CPRH realize imediatamente fiscalização na área e que sejam tomadas todas as medidas necessárias, seja a aplicação de multas, à responsabilização civil, administrativa e penal, prevista na Lei de Crimes Ambientais, além da reparação dos danos causados na região e às famílias de sitiantes.

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