terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

GRAZI MASSAFERA: DE EX-BBB A PROTAGONISTA DE CINEMA

Do O Globo
imagem: oglobo.globo.com
RIO - Gravidíssima de Sofia, esperada para nascer em maio, Grazi Massafera prepara sua "estreia" como mãe com o mesmo cuidado com que se "equipou" para construir seu primeiro papel de protagonista na telona: Marivalda, personagem principal de "Billi Pig". Em cartaz a partir da próxima sexta-feira, com 200 cópias, o projeto de R$ 6 milhões, dirigido por José Eduardo Belmonte e produzido pela Bananeira Filmes, é um tributo às chanchadas.

Tem até um Selton Mello com o ar gaiato de Zé Trindade no elenco. Entre partidas de pingue-pongue, filmes da musa hollywoodiana Jayne Mansfield (1933-1967) e a vontade de provar que talento pode ser lapidado à base de estudo, a paranaense de 29 anos esculpiu Marivalda como um reflexo de si mesma, no passado.
— Com seu sonho de virar estrela, Marivalda é um deboche daquilo que eu fui quando comecei: uma menina que vê a profissão de ator só pelo glamour.

Quando eu fiz a minha primeira novela, "Páginas da vida" (2006), eu fazia o que eu era: uma menina recém-chegada do interior. Com o tempo, o respeito pelo ofício do ator me mostrou que esse trabalho exige mais, exige estudo. Estou nesse processo — diz Grazi, que despertou a atenção e a libido do país ao passar pelos paredões do "Big Brother Brasil 5", em 2005.
No entanto, quando "Billi Pig" abriu a Mostra de Cinema de Tiradentes, em 20 de janeiro, o que chamou a atenção do público não foi a beleza da atriz, mulher do ator Cauã Reymond há cinco anos. Para a plateia, Belmonte extraiu dela uma atriz capaz de fazer justiça às heroínas das comédias musicais dos anos 1950 e 60.
— Essa menina me surpreendeu com seu timing para o humor. Ela faz no cinema algo que na TV eu não tinha visto: em vez de forçar o tipo "mulher ingênua", ela aplica a ingenuidade que tem para construir uma mulher de verdade. É bonito de ver — elogia o cineasta Luiz Carlos Lacerda, o Bigode, que viu "Billi Pig" em Tiradentes.
Com locações em Marechal Hermes, "Billi Pig" acompanha a luta de Marivalda para virar atriz. Seu marido, Wanderley (Selton), não tem como bancar as aspirações artísticas da moça, que encontrou em seu brinquedo de infância, o porquinho cor-de-rosa Billi, um confidente.
— Eu vi filmes da Jayne Mansfield, como "O beijo da despedida", para aprender aquele ar mais bagaceiro que ela tinha. Jayne vendia um tipo que fala o que vem à cabeça. Queria isso para a Marivalda — diz a atriz, que atuou com Renato Aragão no filme "Didi — O caçador de tesouros" (2006). — Era um trabalho que evocava o teatrinho que fazia de brincadeira com meu pai na minha casa em Jacarezinho, lá no Paraná. A emoção era estar com o Renato.
Na trama de "Billi Pig", a sorte financeira de Marivalda muda depois que Wanderley descobre um padre com poderes de cura, vivido por Milton Gonçalves.
— A Grazi tem uma virtude fundamental a um ator: disponibilidade para aprender. No set, como tem tranquilidade para observar, ela propõe ideias que estão nas entrelinhas de seu papel — avalia Gonçalves.
Escalada por Daniel Filho para o episódio "A sambista da BR-116", da série "As brasileiras", já no ar, Grazi conheceu o diretor de "Billi Pig" quando ele filmava "Se nada mais der certo" (2008), com Cauã. Segundo a atriz, José Eduardo Belmonte chegou a convidá-la para o filme.
— Quando conheci o Zé, eu tinha acabado de chegar do Paraná, onde só via "Sessão da Tarde", filme dublado, coisa assim. Não conhecia o cinema brasileiro e fiquei chocada quando vi um filme dele chamado "A concepção". Mas eu me apaixonei pela maneira como ele dirigiu o Cauã — diz Grazi.
Belmonte preparou a atriz jogando pingue-pongue para que ela incorporasse o ritmo dos diálogos e do próprio filme.
— Grazi me ensinou que a simplicidade é o que há de mais eficiente no cinema. E é preciso ser maduro, como ela, para ser simples — diz Belmonte.
Às vésperas da chegada de "Billi Pig", a atriz espera que o filme encerre o preconceito contra sua origem no "BBB":
— Aquela casa maluca do "BBB" fez a menina que eu era virar mulher. Mas agora o processo é outro. E não largo o osso fácil do que eu quero.

Um comentário:

Manoel Carlos disse...

que exemplo essa mulher para a filha? a de que se vende por dinheiro?