Do Diário de Pernambuco
Mãe dos gêmeos
siameses Israel e Levi, de 1 ano e 3 meses, a professora Simone Barbosa, 34
anos, já sonha com a nova rotina dos filhos.
Depois de passada a angústia das 10 horas da cirurgia realizada ontem para separar as crianças, nascidas unidas pela bacia e pelo abdômen, ela pôde respirar aliviada e comemorar: “Os meninos estão reagindo muito bem. Eles estavam entubados e agora estão recebendo oxigênio. Estamos muito felizes”, contou Simone.
imagem: diariodepernambuco.com.br |
Depois de passada a angústia das 10 horas da cirurgia realizada ontem para separar as crianças, nascidas unidas pela bacia e pelo abdômen, ela pôde respirar aliviada e comemorar: “Os meninos estão reagindo muito bem. Eles estavam entubados e agora estão recebendo oxigênio. Estamos muito felizes”, contou Simone.
Segundo o cirurgião pediátrico responsável pelo procedimento, Zacharias Calil,
as crianças estão estáveis e se recuperam bem. Esse foi o oitavo caso bem-sucedido
entre 22 cirurgias do tipo realizadas por Calil em Goiânia nos últimos 12 anos.
Os primeiros dias de pós-operatório são considerados os mais críticos, por
conta dos riscos de infecções. Internados na unidade de terapia intensiva (UTI)
do Hospital Materno-Infantil, em Goiânia, os bebês ficarão sob observação pelos
próximos 30 dias. “Agora, o organismo deles vai sofrer para se acostumar com a
nova organização. Mas só de terem resistido a tudo isso faz deles verdadeiros
guerreiros”, afirmou Calil.
A cirurgia foi acompanhada por 12 médicos e duas equipes de anestesistas. “É
uma cirurgia muito delicada e complexa. Até porque, estamos falando de
crianças. O caso deles era raro”, afirmou André Luiz Braga das Dores, chefe da
anestesia. Os gêmeos eram siameses do tipo isquiópagos, unidos pelo osso da
pelve. Além disso, eles compartilhavam o intestino grosso e a bexiga.
Segundo Calil, o
quadro era complexo porque os órgãos se comunicavam. Ele explicou que os bebês
possuíam apenas uma uretra e a urina só era expelida por um orifício. Mas, de
acordo com o especialista, o fato de o fígado dos meninos ser duplicado e de
eles possuírem quatro pernas foram facilitadores do processo cirúrgico.
A expectativa do médico é a melhor possível. Segundo ele, os meninos não devem
ter problemas no futuro por conta da separação. Porém, a previsão de Calil é de
que, provavelmente, os dois terão que realizar novas cirurgias de reconstrução
em áreas como a púbis.
A preparação para a cirurgia começou em janeiro de 2011, logo após o nascimento
dos meninos, em 23 de dezembro de 2010. O médico contou que Simone saiu de
Fortaleza para procurá-lo ainda grávida. “Ela me achou na internet e, depois de
conhecer meu trabalho, veio para Goiânia”, disse o especialista.
Calil afirmou
ainda que a previsão inicial para operar os gêmeos era em novembro do ano
passado, porém, o médico achou que não havia excesso de pele suficiente para o
fechamento do abdômen. “Na época, colocamos expansores de silicone debaixo da
pele. Funciona como uma prótese, mas eles estão vazios. Assim, vamos insuflando
para a pele crescer”, explicou.
SUS
Os detalhes da cirurgia foram preparados pela equipe do hospital, que utilizou um biomodelo feito a partir das informações captadas por ultrassonografia e ressonância magnética. Trata-se de uma réplica exata e em tamanho real dos siameses, que foi utilizada para a demarcação, passo a passo, dos procedimentos. A cirurgia foi toda realizada por meio do Sistema Único de Saúde, com a ajuda do governo de Goiás. Segundo estimativa do próprio Calil, uma cirurgia de separação como essa dos irmãos Israel e Levi custa em torno de R$ 700 mil em um hospital da rede privada.
Os detalhes da cirurgia foram preparados pela equipe do hospital, que utilizou um biomodelo feito a partir das informações captadas por ultrassonografia e ressonância magnética. Trata-se de uma réplica exata e em tamanho real dos siameses, que foi utilizada para a demarcação, passo a passo, dos procedimentos. A cirurgia foi toda realizada por meio do Sistema Único de Saúde, com a ajuda do governo de Goiás. Segundo estimativa do próprio Calil, uma cirurgia de separação como essa dos irmãos Israel e Levi custa em torno de R$ 700 mil em um hospital da rede privada.
Chance pequena de sobrevida
A ocorrência do nascimento de bebês siameses no mundo varia de 1 para cada 50 mil até 1 para cada 100 mil gestações. Um estudo brasileiro aponta que as chances de sobrevida são de menos de 10%. Gêmeos podem ser siameses por causa de uma separação tardia do zigoto (célula que resulta da união do óvulo com o espermatozoide).
A ocorrência do nascimento de bebês siameses no mundo varia de 1 para cada 50 mil até 1 para cada 100 mil gestações. Um estudo brasileiro aponta que as chances de sobrevida são de menos de 10%. Gêmeos podem ser siameses por causa de uma separação tardia do zigoto (célula que resulta da união do óvulo com o espermatozoide).
Nas gestações
normais de gêmeos, isso acontece até o nono dia após a fecundação. Nos
siameses, é por volta do 12º dia. Ultrassons para detectar esse tipo de
malformação têm sido feitos desde 1974. Atualmente, a maioria dos casos é
identificada precocemente. Muitas mulheres acabam abortando após o resultado —
o que é permitido pela legislação brasileira, com autorização judicial.
"O organismo deles vai sofrer para se acostumar com a nova organização.
Mas só de terem resistido a tudo isso faz deles verdadeiros guerreiros”, disse Zacharias Calil, cirurgião responsável
pelo procedimento de separação dos gêmeos siameses.
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