sábado, 3 de março de 2012

COMERCIANTES INFORMAIS DA UFPE PEDEM REGULAMENTAÇÃO

Do Diário de Pernambuco
imagem: pernambuco.com

Quem estuda, trabalha ou precisa passar pelos arredores do campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) já está acostumado a dividir os espaços da calçada com vendedores de comida, bebida, revistas, camisetas, livros, doces e salgados. Tem de tudo um pouco, mas falta espaço para que os pedestres circulem sem problemas ou que os passageiros esperem os ônibus nos locais destinados às paradas. Os pontos mais críticos é em frente à entrada do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e ao Hospítal das Clínicas (HC).

“Esse lugar aqui é conhecido como a praça de alimentação da UFPE”, explica o pesquisador Otávio Luiz Machado. Ele é um dos que utilizam os serviços do comércio informal que traz alguns problemas além da falta de espaço para pedestres e ciclistas: as comidas ficam expostas à fumaça dos carros e as calçadas estão se deteriorando a olhos vistos.

Em 2011, cerca de 30 barracas que ficavam em frente ao Hospital das Clínicas foram retiradas. Depois de um período de negociações os comerciantes puderam se instalar novamente no local, mas com a condição de retirarem seus instrumentos de trabalho no final do dia.




“Na época da remoção a situação ficou difícil para todos, com dificuldade consegui ficar meio que escondido, mas me sentia sempre inseguro”, confessa Severino Ramos Pereira, 45, que mantém o sustento da sua família com o seu empreendimento.

Ramos é um dos fundadores da Associação de Barraqueiros da UFPE, surgida em 2011, com o objetivo de padronizar o comércio ao redor da universidade. A atuação dos comerciantes informais divide opiniões.


“O lado bom é de suprir algumas necessidades que a universidade não consegue, como lanches mais baratos e mais opções de xerox. Por outro lado, o trânsito fica prejudicado com a invasão das barracas. Os estudantes não se concentram nas paradas de ônibus, deixando o local desorganizado”, afirma a estudante de ciências sociais, Lara Rodrigues Viana, 18 anos.




FISCALIZAÇÃO - A chefe de comunicação social do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), Meire Cabral, argumenta que o decreto lei 28.643, de 1988, proíbe o comércio a menos de 100 metros de escolas. Enquanto não se definem locais para realocação, o órgão – responsável pela área em frente ao Hospital das Clínicas - tem certa tolerância com os comerciantes.

“Posso afirmar que o DNIT não faz operações de surpresa. Toda e qualquer desocupação é precedida de notificação”, garante Meire.

Um dos integrantes da associação, o comerciante Ivonaldo Marques, conhecido como Beloto, afirma que a entidade de barraqueiros possui arquitetos e engenheiros para estudar a área e organizar o espaço.

“Queremos reorganizar o local e ter o nosso sustento garantido”, argumenta. Para ele a ajuda da Prefeitura do Recife é imprescindível na qualificação das pessoas que trabalham nesse ramo. “Além da padronização, pedimos encarecidamente a PCR que ofereçam cursos de alimentação e saneamento para os barraqueiros”, conclui Ivonaldo.

Atualmente, a Diretoria de Controle Urbano do Recife (Dircon) aguarda o envio de uma proposta de ordenação do comércio informal na UFPE pela Câmara de Vereadores do Recife.

“É preciso avaliar com cuidado junto com a reitoria a situação do comércio informal, pois estão inclusos questões sobre a mobilidade urbana e patrimônio público”, ressalta a diretora da Dircon, Cândida Bonfim.

O reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Anísio Teixeira, espera uma solução para o caso até o fim do semestre.

“Nossa relação com os comerciantes em torno da universidade é de diálogo. Esperamos o mais rápido possível o ordenamento das barracas”, explica. Segundo ele, a instituição ainda não tomou uma decisão concreta sobre as atividades dos barraqueiros. “Iremos nos reunir com os comerciantes ainda esse mês para analisar suas propostas junto com a Prefeitura do Recife”, ressalva Teixeira.

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