Do Diário de Pernambuco
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imagem: pernambuco.com |
Quem estuda, trabalha ou precisa passar pelos arredores do campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) já está acostumado a dividir os espaços da calçada com vendedores de comida, bebida, revistas, camisetas, livros, doces e salgados. Tem de tudo um pouco, mas falta espaço para que os pedestres circulem sem problemas ou que os passageiros esperem os ônibus nos locais destinados às paradas. Os pontos mais críticos é em frente à entrada do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e ao Hospítal das Clínicas (HC).
“Esse
lugar aqui é conhecido como a praça de alimentação da UFPE”, explica o
pesquisador Otávio Luiz Machado. Ele é um dos que utilizam os serviços do
comércio informal que traz alguns problemas além da falta de espaço para
pedestres e ciclistas: as comidas ficam expostas à fumaça dos carros e as
calçadas estão se deteriorando a olhos vistos.
Em 2011,
cerca de 30 barracas que ficavam em frente ao Hospital das Clínicas foram
retiradas. Depois de um período de negociações os comerciantes puderam se
instalar novamente no local, mas com a condição de retirarem seus instrumentos
de trabalho no final do dia.
“Na época da remoção a situação ficou difícil para todos, com dificuldade consegui ficar meio que escondido, mas me sentia sempre inseguro”, confessa Severino Ramos Pereira, 45, que mantém o sustento da sua família com o seu empreendimento.
“Na época da remoção a situação ficou difícil para todos, com dificuldade consegui ficar meio que escondido, mas me sentia sempre inseguro”, confessa Severino Ramos Pereira, 45, que mantém o sustento da sua família com o seu empreendimento.
Ramos é um
dos fundadores da Associação de Barraqueiros da UFPE, surgida em 2011, com o
objetivo de padronizar o comércio ao redor da universidade. A atuação dos
comerciantes informais divide opiniões.
“O lado bom
é de suprir algumas necessidades que a universidade não consegue, como lanches
mais baratos e mais opções de xerox. Por outro lado, o trânsito fica
prejudicado com a invasão das barracas. Os estudantes não se concentram nas
paradas de ônibus, deixando o local desorganizado”, afirma a estudante de
ciências sociais, Lara Rodrigues Viana, 18 anos.
FISCALIZAÇÃO - A
chefe de comunicação social do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transportes (DNIT), Meire Cabral, argumenta que o decreto lei 28.643, de 1988,
proíbe o comércio a menos de 100 metros de escolas. Enquanto não se definem
locais para realocação, o órgão – responsável pela área em frente ao Hospital
das Clínicas - tem certa tolerância com os comerciantes.
“Posso
afirmar que o DNIT não faz operações de surpresa. Toda e qualquer desocupação é
precedida de notificação”, garante Meire.
Um dos
integrantes da associação, o comerciante Ivonaldo Marques, conhecido como
Beloto, afirma que a entidade de barraqueiros possui arquitetos e engenheiros para
estudar a área e organizar o espaço.
“Queremos
reorganizar o local e ter o nosso sustento garantido”, argumenta. Para ele a
ajuda da Prefeitura do Recife é imprescindível na qualificação das pessoas que
trabalham nesse ramo. “Além da padronização, pedimos encarecidamente a PCR que
ofereçam cursos de alimentação e saneamento para os barraqueiros”, conclui
Ivonaldo.
Atualmente,
a Diretoria de Controle Urbano do Recife (Dircon) aguarda o envio de uma
proposta de ordenação do comércio informal na UFPE pela Câmara de Vereadores do
Recife.
“É preciso
avaliar com cuidado junto com a reitoria a situação do comércio informal, pois
estão inclusos questões sobre a mobilidade urbana e patrimônio público”,
ressalta a diretora da Dircon, Cândida Bonfim.
O reitor da
Universidade Federal de Pernambuco, Anísio Teixeira, espera uma solução para o
caso até o fim do semestre.
“Nossa
relação com os comerciantes em torno da universidade é de diálogo. Esperamos o
mais rápido possível o ordenamento das barracas”, explica. Segundo ele, a
instituição ainda não tomou uma decisão concreta sobre as atividades dos
barraqueiros. “Iremos nos reunir com os comerciantes ainda esse mês para
analisar suas propostas junto com a Prefeitura do Recife”, ressalva Teixeira.
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