quinta-feira, 1 de março de 2012

CULTURA DO PERÍODO SABÁTICO NÃO ‘PEGOU’ NAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Do O Globo



imagem: site.sca.com.br

RIO - O período sabático ainda é um luxo para pouquíssimos, nas empresas brasileiras. É o que mostra uma pesquisa da consultoria Robert Half, feita com exclusividade para o Boa Chance. O estudo revela que 73% das empresas não oferecem essa oportunidade de licença aos funcionários, mesmo aos de alto escalão.


Apenas 8,4% dos entrevistados responderam que suas empresas oferecem período sabático, enquanto que 18,2% sequer sabem. A pesquisa foi feita com cerca de 900 pessoas, que ocupam altos cargos em empresas de médio e grande porte: 71,5% dos entrevistados são gerentes, diretores, supervisores, coordenadores, diretores, superintendentes e até presidentes das companhias.

Apesar disso, 70% dos entrevistados dizem que concederiam o benefício (no mínimo, seis meses) a membros de sua equipe e 86% gostariam de desfrutá-lo. Setenta e três por cento dos entrevistados consideram a oportunidade de qualificação profissional como a maior vantagem do período sabático, enquanto 57,1% acreditam ser uma desvantagem o risco de perder o cargo.


Segundo William Monteath, diretor de operações da Robert Half no Rio de Janeiro, o resultado do estudo mostra que a cultura do período sabático, embora já seja badalada há mais de dez anos no Brasil, ainda não está sedimentada nas empresas do país.
 

imagem: caminhoape.blogspot.com
Esta prática não é muito difundida por aqui e, infelizmente, pouca evolução se viu em relação a isso. Existe muita insegurança do próprio profissional de tirar esse período, porque fica com medo de perder seu cargo, de ser visto como pouco comprometido ou ficar, de alguma forma, defasado em relação aos colegas — diz Monteath.

Monteath explica que no Brasil, como em outros países da América Latina, há uma grande preocupação com o prejuízo à produtividade da empresa e com a limitação de recursos das equipes. Daí a resistência a conceder um período de licença para as pessoas se desenvolverem profissionalmente. Ele diz que nos Estados Unidos e na Europa, que são mercados mais maduros, a visão é de longo prazo, enquanto no Brasil, ainda é de curto.

— Uma resposta de um entrevistado na pesquisa, que achei muito bacana, foi ‘restringir (a concessão de período sabático) é o mesmo que perder o funcionário’. Esta é uma visão mais aberta, que mostra o que essa prática tem de ser: uma parceria — comenta o diretor da Robert Half.

Para a coach Eliana Dutra, especialista em desenvolvimento organizacional, a pesquisa comprova o que se vê no dia a dia, acompanhando executivos de diversas corporações: ainda falta uma cultura sobre o tema no Brasil, e acaba prevalecendo a insegurança, tanto das empresas como dos próprios profissionais.

— O que acaba ficando em segundo plano é que o período sabático pode ser determinante na vida do profissional, pois trata-se de um tempo direcionado para a reflexão e renovação, o que, na maioria das vezes, reflete-se em identificação de novas qualidades — afirma Eliana. — Para a maioria das pessoas, o assunto ainda é uma incógnita e, consequentemente, visto como algo não muito positivo.

A coach ressalta, no entanto, que quem opta pelo afastamento da empresa deve manter em dia seu networking com pessoas do seu setor de atuação.

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