Princesa Isabel |
PETRÓPOLIS, 14 Maio, Cerca de 80.000 documentos começaram a ser analisados numa
pesquisa que visa oferecer à Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro,
subsídios para a abertura do processo de beatificação da Princesa Isabel
(1846-1921). Dom Orani João Tempesta, arcebispo Metropolitano do Rio encarregou
a tarefa de traçar um primeiro perfil biográfico da piedosa e caridosa vida da
princesa ao o Prof. Hermes Rodrigues Nery, quem enviou um artigo à nossa
redação contando as suas descobertas.
O prof. Nery, que também é
coordenador do Movimento Legislação e Vida, da Diocese de Taubaté e propositor
do pedido feito a Dom Orani João Tempesta, em outubro do ano passado, passou a
semana do 7 a 13 de maio em Petrópolis, para aprofundar os estudos da vasta
documentação do Arquivo Histórico do Museu Imperial
Segundo o Prof. Rodrigues
Nery, os documentos pesquisados até o momento confirmam os sinais de santidade
da princesa, que foi três vezes regente do Brasil, associando-se de modo ativo
no movimento abolicionista, tendo protagonizado a libertação dos escravos no
Brasil, há 124 anos.
Dom Antonio destacou ainda
a falta de conhecimento destes aspectos da vida da princesa assim como a
"presença régia dessa mulher – esposa, mãe, filha, irmã, cidadã"
sobretudo, "na sua função de uma governante incansável na consecução de
uma causa que se arrastava lentamente no Império desde 1810: a libertação dos
escravos pela via institucional, sem derramamento de sangue".
A vida da princesa Isabel
surpreende os atuais estudiosos que, a cada dia, vão descobrindo fatos e feitos
pouco conhecidos pelos brasileiros. Em uma recente entrevista o Prof. Hermes
Nery explicava que "escritos da Princesa D. Isabel (cartas, diários e
apontamentos) dão uma dimensão exata da sua fé católica solidíssima, e de como
viveu de modo exemplar a coerência dos princípios e valores do Evangelho, tanto
na vida pessoal quanto pública".
"Suas opções e
decisões estavam pautadas no humanismo integral, e deixou a melhor impressão de
sua vida virtuosa em todos que conviveram com ela, tendo o respeito inclusive
de seus adversários", afirmou o Prof. Nery.
"Escritos de
intelectuais e autoridades da época e mesmo durante o século XX (apesar do
patrulhamento ideológico e da conspiração do silêncio que sofreu), atestam suas
inúmeras qualidades e virtudes, e o quanto a sua firme adesão à fé foi um dos
elementos que fizeram tantos temerem o 3º Reinado”, destacou também.
Há relatos também do povo,
de pessoas que conheceram a Princesa e receberam dela acolhida e apoio, e
gestos concretos de quem soube exercer com elevada consciência a caridade
cristã.
Prof. Rodrigues Nery
ressaltou ainda: "Lembro-me, por exemplo, como ex-salesiano que sou, de
que o Liceu Coração de Jesus, em São Paulo, foi construído em 1885, com auxílio
da Princesa, com objetivo de oferecer aos negros libertos a oportunidade de
estudar lá gratuitamente".
"Houve na Princesa D.
Isabel uma grande sintonia com a doutrina moral e social da Igreja, tão bem
expressa pelo Papa Leão XIII, com quem ela se correspondia. E como São João
Bosco (com quem ela se encontrou pessoalmente em Milão, em 1880), um dos sinais
evidentes de sua santidade foi como suas ações estiveram tão de acordo com o
que a Igreja expõe em seu Magistério, e como as consequências destas ações
foram tão benéficas para toda a sociedade."
Em dezembro de 2011,
assessores do Vaticano estiveram com o Vigário Episcopal para a Vida Religiosa
da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Roberto Lopes, OSB, o prof. Hermes
Rodrigues Nery e dom Antonio de Orleans e Bragança, membro da Família Real, e
receberam dados sobre a vida da princesa Isabel que justificariam a abertura do
processo de sua beatificação.
Foi solicitado então um
primeiro retrato biográfico para viabilizar os procedimentos visando
oficializar o processo. O estudo ficou ao encargo do prof. Hermes Rodrigues
Nery, que esteve em Petrópolis, na semana de 7 a 13 de maio de 2012, fazendo
pesquisas no Arquivo Histórico do Museu Imperial, cujo acervo abriga cerca de
80.000 documentos referentes ao estudo em questão.
Trata-se de uma vida muito
bem documentada, desde seu nascimento até sua morte (no exílio em Paris), daí a
riqueza de informações que estão ajudando os especialistas a reverem inclusive
aspectos da história brasileira, e a atuação da princesa Isabel enquanto modelo
de fé e política, a partir dos princípios e valores cristãos.
No domingo, 13 de maio,
após a celebração do dia das mães, às 11h30, houve uma homenagem no Mausoléu
que abrigam os corpos de D. Pedro II, D. Thereza Cristina, D. Isabel e o Conde
D'Eu, entre outros. O evento contou com a presença do pároco da Catedral, Padre
José Augusto Carneiro, e um descendente de escravos, José Paulino Barbosa
(lavrador e compositor), que trouxe de sua cidade, Desterro do Mello - MG), 124
rosas doadas por ele e que foram depositadas no túmulo da princesa Isabel.
Em seu discurso na catedral
de Petrópolis o Prof. Hermes citou um dos primeiros e mais claros testemunhos
da vida de santidade de princesa, recordando que em 20 de maio de 1888, no
contexto de uma missa para celebrar a abolição da escravatura , o Barão de
Paranapiacaba expressou publicamente: "Oxalá veja um dia o mundo católico
a vossa beatificação e a Igreja acolha também em seu seio a Santa Izabel
brasileira".
Fonte: http://www.acidigital.com
Postado por Johnny Retamero
Agradecemos a colaboração do amigo e leitor do blog Manoel Carlos.
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