Município do semiárido pernambucano possui o sistema desde 2011, mas atualmente ele está desativado para reformulações |
O sistema de aluguel de bicicletas está em plena expansão no
Recife. A cidade presencia a construção de novas estações do projeto que, em
época de intermináveis engarrafamentos, aparece como uma opção sustentável e
inteligente de deslocamento urbano. Aos domingos, quando a ciclofaixa reina e
as opções de aluguel aumentam, não é incomum haver mais procura do que oferta
do serviço. A mais de 700km do bairro do Recife, onde se concentram os pontos
de aluguel da capital, a cidade de Petrolina, no semiárido pernambucano, possui
sistema semelhante desde novembro de 2011. No município do sertão foram
instaladas três estações, com dez bicicletas cada. Atualmente, todas estão
desativadas.
Segundo a Prefeitura de Petrolina, o projeto foi levado
adiante por causa da busca por um “modo simples e integrado para se deslocar
com facilidade de um ponto a outro”, sendo como adicional a bicicleta ser um
transporte não-poluente e que une saúde, praticidade e satisfação para o
usuário. Apesar disso, moradores reclamam da falta de infraestrutura para
ciclistas. Aldo Vasconcelos, responsável por campanha a favor da implantação de
mais ciclovias na cidade, diz que quem chega em Petrolina “se engana” ao avistar
as vias cicloviárias existentes. “Há duas delas, bem sinalizadas, que cortam a
Avenida Monsenhor Ângelo Sampaio e Avenida da Integração. Tem-se a sensação de
que elas se espalham e a cidade é bem servida, mas isso é puro engano. Bairros
populosos como São Gonçalo, João de Deus e diversas Cohabs não possuem
ciclovia”.
Aldo afirma que um dos problemas da cidade é a falta de
conscientização e educação dos que fazem parte do trânsito. “Caminhoneiro usa
sua força em cima de carro de médio e pequeno, que fazem o mesmo com
motociclistas, estes com ciclistas, estes com pedestres...”. Miro Souza,
ciclista e morador da cidade, repete uma reclamação escutada em diversas
grandes cidades brasileiras. “Motoristas não respeitam os ciclistas aqui na
cidade”. Em relação ao projeto de bicicletas de aluguel, Aldo Vasconcelos fala
que o serviço foi bem divulgado. Atualmente, as estações de aluguel, que estão
desativadas, estão localizadas na Av. Cardoso de Sá, na Praça Dom Malan e na
Praça Pio XII. “Mas aqui predomina uma cultura em que ser bem-sucedido está
ligado a ter um carro”. Miro tem pensamento semelhante. “As pessoas preferem
estar dentro de um carro do que numa bicicleta durante o dia. A noite existem
muitas pessoas andando de bicicleta, mas como esporte, para perder calorias.
Para mobilidade mesmo, é raro”.
Como ação de melhoria para o ciclista petrolinense, Aldo
Vasconcelos acredita no investimento em transporte público. “O sistema coletivo
é horrível. As pessoas desesperadas compram carros e motos. Há trajetos que se
feitos de bicicleta duram 20 minutos, enquanto de ônibus chegam a durar uma
hora. Se melhorasse o transporte coletivo e criassem vias exclusivas para
ônibus, muitas pessoas iriam de ônibus e haveria menos trânsito e mais bikes
nas ruas”. Miro Souza pensa na construção de mais ciclovias e na arborização
das existentes, o que minimizaria os efeitos do clima semiárido. “E para
melhorar mesmo, um projeto de educação no trânsito”.
Apesar disso, a Prefeitura de Petrolina classifica a
aceitação do projeto, realizado em parceria com a empresa Serttel, como
positiva. É esperado pela gestão uma aderência maior ao programa, devido ao
hoje mais compreendido conceito da bicicleta como meio de transporte. Com
sistema semelhante ao adotado no Recife, após a reformulação do sistema de
aluguel, o projeto será integrado com o sistema de bilhetagem eletrônica de
transporte publico. Os preços anteriores eram R$5 para o passe diário e R$10
para o mensal.
É ressaltado também o sistema de autoatendimento presente
nos aplicativos disponíveis para as plataformas iOS e Android, que contará com
acesso em tempo real às informações do programa. Enquanto ações para incentivar
o uso do modal, a Prefeitura da cidade cita planos de melhorias das ciclovias e
da malha viária existente, além da continuidade do projeto “Domingo na Orla”,
quando uma faixa da Avenida Cardoso de Sá, na orla, é interditada para veículos
motorizados, dando espaço para ciclistas e formas não-motorizadas de vivência
da cidade.
Portal Pernambuco.com
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