A Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC) promove, na próxima semana, em sua página na internet,
campanha de alerta para os riscos do tabagismo, com ênfase no fumante passivo.
Na quinta-feira (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo, a SBC divulgará, em sua
página de Prevenção, uma série de ações voltadas para crianças e adolescentes,
chamando a atenção para o problema.
O objetivo da campanha é
ratificar o que a entidade vem fazendo para conscientizar as pessoas da
importância de parar de fumar e dos riscos deste hábito para o fumante passivo,
sobretudo crianças e adolescentes, disse hoje (23) à Agência Brasil o diretor de Promoção da Saúde Cardiovascular da SBC,
Carlos Alberto Machado. “Na casa em que os pais fumam, o risco de os filhos
fumarem é maior”, alertou Machado.
Segundo o médico, há cerca de
três anos, a revista científica New England mostrou que, em uma casa onde há um
fumante, os demais moradores têm 31% a
mais de risco de sofrer um acidente vascular cerebral isquêmico, ou seja, um
derrame isquêmico, do que uma pessoa que mora em um ambiente livre do tabaco.
Machado advertiu para o
agravamento dos problemas gerados pelo fumo, levando em conta o fato de a
população brasileira estar envelhecendo e com expectativa de vida maior.
“Estima-se que, em 2050, teremos no Brasil perto de 100 milhões de pessoas com mais de 50 anos. Se
não houver ações de prevenção de doenças e promoção de saúde agora, teremos uma
população de idosos doentes. E não vai ter sistema de saúde – nem público, nem
privado – que possa atender a essa demanda, nem se conseguirá pagar essa
conta.”
De acordo com o médico, as
medidas restritivas que vêm sendo impostas ao hábito de fumar fazem com que a
indústria do tabaco volte seu marketing para as crianças e os adolescentes.
Machado lembrou que, nos bares e padarias, em geral, os pontos de venda de
cigarros ficam situados nos caixas, perto dos locais onde estão as balas e os
chocolates, nuito procurados pelo público infantil. Por isso, as campanhas da
SBC defendem que os cigarros fiquem escondidos e “não à vista das crianças”.
Pesquisa recente feita pela SBC
na cidade de São Paulo com cerca de 3 mil alunos da rede pública de ensino, na
faixa de 10 anos a 19 anos, mostrou que 10% deles fumam, influenciados pelo
exemplo que têm em casa. “As pessoas, hoje, estão começando a fumar cada vez
mais cedo, por causa da pressão da indústria do tabaco”, ressaltou Machado.
O cardiologista alertou que, se o
cigarro representa riscos para o fumante passivo adulto, no caso de crianças, o
perigo é maior. Por isso, pais e professores não podem fumar na frente das
crianças, para as quais são modelo de comportamento. “Porque, senão, eles estão
estimulando esse hábito.”
Quando alguém fuma, explicou o
médico, inala mais de 4 mil substâncias, das quais as mais conhecidas são a
nicotina e o monóxido de carbono. “Isso altera toda a parte imunológica da
criança, diminui suas defesas, aumenta os riscos de pneumonia, bronquite, asma,
de infecção, de maneira geral." Segundo Machado, o adulto que fuma em casa
acaba expondo as crianças e os adolescentes a doenças.
Além de provocar problemas de
saúde, o fumo pesa no bolso do consumidor. Machado destaca que uma pessoa que
fuma um maço de cigarros por dia, durante dez anos, gasta R$ 9 mil nesse
período, “sem perceber”, dinheiro que poderia ter outra destinação. “O fato de
ela comprar cigarro vai pesar no bolso dela e, depois, para o governo e os
planos de saúde, por causa das complicações lá na frente, como a doença
pulmonar obstrutiva crônica. Isso sem contar o risco cardiovascular”, alertou.
Machado lembrou que a Organização
Mundial da Saúde (OMS) informa, periodicamente, os principais fatores de risco
de morte: hipertensão, sedentarismo e
tabagismo. “É um dado extremamente importante e preocupante.”
De acordo com cartilha
distribuída pela SBC, os danos causados pelo tabagismo a pessoas que não fumam
atingem crianças com menos de 5 anos, em 40% dos casos. A cartilha foi
distribuída em locais públicos, como unidades básicas de saúde e escolas, no
Dia Mundial sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, e está disponível no portalda entidade.
Fonte: Agência Estado
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