O grupo foi criado em 2010 por
Nilsinho Amarante, que já integrou a Spok Frevo Orquestra
O músico Nilsinho Amarante comanda ensaio da Orquestra Experimental de Frevo da UFPE. Foto: Bernardo Dantas/ DP/D.A Press |
Numa sala do Departamento de
Música do Centro de Artes e Comunicação (CAC), cerca de 35 estudantes de música
afinam seus instrumentos e conversam entre si. O professor e regente tem um
pouco de dificuldade para conter a saudável balbúrdia. Porém, ao finalmente ter
todas as atenções voltada para si, Nilsinho Amarante dá o sinal e um som
compacto, forte, alegre, melodioso e sofisticado toma conta do local. Dado o
grau de competência na execução, causou espanto o fato daquele ser o primeiro
encontro da Orquestra Experimental de Frevo da UFPE, depois das férias.
Fundado em 2010 por Nilsinho, o
grupo é o primeiro do gênero a residir em uma universidade. “A ideia surgiu
quando percebi que muitas orquestras de rua tocam as notas erradas, diferente
do que foi originalmente escrito”, explica o diretor artístico da orquestra. Na
visão dele, como a música fica praticamente em segundo plano no meio da folia (“Em
Olinda, se alguém tocar qualquer coisa sempre terá gente seguindo”), é
importante chamar a atenção para a riqueza sonora do frevo.
Não a toa, esse é o mesmo
conceito que norteia o trabalho da Spok Frevo Orquestra - conjunto do qual
Amarante participou e que tem recebido elogios por onde passa, seja no Brasil
ou no exterior.
Quando cita os nomes de
compositores do frevo como Duda, Edson Rodrigues e José Menezes, o semblante e
tom de voz de Nilsinho Amarante se transformam. “São gênios da música”, resume.
É essa genialidade que sido estudada e tocada por estudantes e professores de
Licenciatura e Bacharelado em Música da UFPE. “Apesar de ter um caráter
popular, o frevo é uma música de difícil execução devido ao ritmo”, expõe.
Pessoas de outros cursos também
podem participar: alunos de medicina, engenharia ou jornalismo, por exemplo. No
entanto, é necessário ter conhecimento musical e ler partituras. As portas
também estão abertas para quem não esteja ligado à UFPE. “É de 20 e poucos anos
a média de idade dos integrantes da orquestra. O mais novo tem 16 e o mais
velho, 38”.
A Orquestra Experimental de Frevo
tem se apresentado no campus da Federal,
em eventos beneficentes ou ligados à comunidade acadêmica, a exemplo do 65o
Encontro da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), realizado
em julho de 2013. “É só nos convidar que tocamos”, avisa Nilsinho.
Disco
Até o final deste ano, a
Orquestra Experimental de Frevo da UFPE deve concluir as gravações do seu
primeiro CD, provisoriamente intitulado Coisas da gente. “Ele terá apenas
músicas inéditas de alunos da própria orquestra e de outros compositores como
Spok, Nilson Lopes, Cacá Malaquias e Sérgio Godoy. E virá com um livro didático
acompanhado”, conta Amarante. As gravações estão sendo feitas no estúdio do
Departamento de Música da UFPE. “Está tudo em casa”, brinca o trompetista.
Desafio
Para a professora e diretora
executiva da Orquestra Experimental de Frevo da UFPE, Maria Aida Barroso, o
maior desafio da iniciativa é quebrar o
mito de que em ambientes acadêmicos só é possível estudar música erudita. “A
universidade é um lugar de estudar música como um todo. O maior problema é com
a visão que vem de for a. Pois aqui estamos muito bem estruturados, temos total
apoio da instituição”, enfatiza
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