Se depender das últimas decisões
da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a conta de luz dos
pernambucanos deverá, realmente, ficar bem mais salgada. No Rio Grande do
Norte, abastecido pela Cosern, o reajuste aprovado foi de 11,01%.
Em Sergipe,
de responsabilidade da Energisa Sergipe, o valor chegou a 11,83%. O acréscimo
aprovado para a Coelba, na Bahia, atingiu 14,82%. O maior deles, no entanto,
foi para o Ceará. A Coelce poderá reajustar sua tarifa em 16,55%. Por aqui, a
Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) solicitou um acréscimo de 18,13%,
conforme antecipado pela Folha de Pernambuco. O índice final será divulgado
pela Aneel, na próxima terça-feira, e entrará em vigor no dia 29.
Para o reajuste das tarifas, a
Aneel considera fatores como o pagamento de encargos setoriais, a atualização
do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) dos últimos 12 meses e os custos
que a distribuidora teve com o transporte e com a compra de energia. Este
último item é o principal argumento da Celpe para a solicitação do seu
reajuste. Com uma variação anual de 16,9%, o gasto da concessionária com a
compra de energia saltou de R$ 1,7 bilhão para R$ 2,06 bilhões. O montante foi
responsável pelo acréscimo de 9,6% no percentual solicitado.
Na opinião do engenheiro membro
do Instituto Ilumina Antônio Feijó os altos reajustes são resultados da
política adotada pela presidente Dilma Rousseff em 2012, quando a Medida
Provisória 579 foi promulgada. O problema, acrescentou Feijó, se agravou com a
queda na produção de energia hidrelétrica, que culminou no acionamento das
térmicas, mais caras. “Houve a redução da conta, mas sabíamos que aquilo seria
artificial e momentâneo. O Brasil adota o modelo mercantil, que privilegia o
fato de as empresas ganharem dinheiro, ao invés da prestação de serviço público
propriamente dita”, comentou. A tendência é de que os aumentos se estendam,
ainda, pelos próximos anos.
A solicitação do reajuste deixou
muita gente insatisfeita. “Não existe nenhuma indústria que trabalhe sem
energia. A produção de algumas delas, no entanto, demandam ainda mais. Elas se
tornarão menos competitivas, visto que o aço importado será mais barato do que
o nacional”, criticou o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado
de Pernambuco, Ricardo Essinger.
Para o diretor Executivo da
Associação dos Lojistas de Shopping de Pernambuco, Ricardo Galdino, o comércio
sofrerá ainda mais, uma vez que o semestre não está sendo bom para o setor.
“Não poderemos repassar isto para o consumidor e vamos ter prejuízo”,
ressaltou. “Isto pesa nos custos das lojas. Em 2012, Dilma disse que a energia
não iria subir. Como agora vai subir 18%?”, questionou o presidente da CDL,
Eduardo Catão.
Composição - Os custos gerenciáveis
pela Celpe, como manutenção de rede e cobranças de contas, serão responsáveis
pelo aumento de 1,93% na tarifa. Os 16,2% restantes são referentes aos custos
não gerenciais.
Folha de Pernambuco
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