Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Quem diria que os longos períodos
de estiagem teriam alguma relação com a proliferação da dengue? Pois o
histórico hábito de armazenar água em tonéis e baldes por causa do
desabastecimento nas torneiras é uma grande armadilha para quem mora no
Nordeste brasileiro. Esse costume, comum principalmente em áreas mais humildes,
é responsável por 75,3% dos focos de dengue na região. No resto do Brasil, no
entanto, o costume de guardar água representa menos de 28,9% de riscos de infestação
do mosquito Aedes aegypti, o que mostra a discrepância entre as regiões.
No Norte, Centro-Oeste e Sul do
País, o lixo é o principal criadouro do mosquito. Já no Sudeste, o grande
problema são as caixas d'água sem proteção, assim como tetos de prédios e
piscinas descobertas. As informações são do Levantamento de Índice Rápido de
Infestação por Aedes aegypti (Liraa), de responsabilidade do Ministério da
Saúde.
"É comprovado que o
empoçamento de águas não protegidas é propício para a proliferação do mosquito
e, consequentemente, da doença. Além disso, apesar de qualquer pessoa poder ser
contaminada pela dengue, esse hábito de guardar água é mais comum nas áreas
mais pobres e, por isso, torna essas pessoas realmente mais vulneráveis",
avalia a infectologista Eulália Corte Real.
O Nordeste é uma das regiões brasileiras
que mais sofre com o alto número de casos de dengue durante todo o ano. O
Ceará, por sua vez, ocupa o nono lugar entre os dez estados brasileiros que
concentram 86% dos registros da doença no País. Completam a lista Goiás, São
Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso,
Tocantins, Ceará e Amazonas.
O Ceará também é o estado
nordestino que mais sofre com a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.
No último levantamento da Secretaria Estadual de Saúde, foram contabilizados
22.410 casos suspeitos este ano, sendo 6.705 confirmados até o dia 12 deste
mês. No território cearense, cinco municípios estão em situação de risco:
Canindé, Ipu, Quixadá, Quixeramobim e Varjota.
Mas a preocupação com o impacto
da dengue no Nordeste não se resume ao Ceará. A grande maioria dos estados que
compõem a região está em situação de alerta segundo acompanhamento do Governo
Federal. Apenas Sergipe e Piauí fogem à regra e apresentam baixíssimos índices
de infecção pela doença.
Apesar do alerta, dados do
Ministério da Saúde apontam uma redução no índice de infecção da dengue em todo
País. Segundo o Governo Federal, o Brasil registrou 322.230 casos da doença até
o dia 19 de abril. O número é 70% menor do que os 1,1 milhão de casos
registrados no mesmo período de 2013.
Situação da dengue nos estados
nordestinos
ALAGOAS fechou o primeiro semestre com redução de 14,69% no número
de casos: foram contabilizados 6.636 casos suspeitos contra 7.779 registrados
no mesmo período de 2013
Na BAHIA, nos primeiro semestre deste ano, foram registrados 10.841
casos, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. A doença foi responsável pela
morte de cinco pessoas.
O CEARÁ registrou 22.410 casos suspeitos de dengue - 6.705
confirmados. Desse número, 220 casos foram da forma grave da doença e
ocasionaram 40 mortes. Mesmo com as morte,
há redução de 45% na incidência da doença com relação a 2013.
O MARANHÃO teve queda de 51% nos casos de janeiro a março deste
ano. No primeiro trimestre de 2014, foram 729 notificações contra 1.501 do
mesmo período do ano passado.
De janeiro a março deste ano, a
PARAÍBA notificou 521 casos suspeitos - 101 já confirmados. Queda de mais de
70% em relação ao mesmo período de 2013.
PERNAMBUCO notificou, até 5 de julho, 10.703 casos de dengue, sendo
3.221 confirmados. Redução de 18% em relação ao mesmo período de 2013, quando
foram notificados 13.068 casos. Houve 14 mortes confirmadas.
Os casos de dengue notificados no
RIO GRANDE DO NORTE caíram 52,84% no primeiro semestre de 2014 em comparação ao
mesmo período em 2013. Foram 6.773 notificações desde janeiro deste ano. O
número de mortes caiu de 14 em 2013 para apenas quatro este ano.
SERGIPE já tem 902 casos notificados e 263 confirmados de dengue.
Só na capital, de janeiro a maio, foram notificados 475 casos da doença, 21,5%
a mais que no mesmo período do ano passado
Só nos seis primeiros meses,
PIAUÍ já teve o dobro de óbitos por dengue registrados em 2013. Enquanto este ano
já foram quatro casos, enquanto em todo ano de 2013 foram apenas dois. Há
notificações de mais de 4,4 mil casos.
Do NE10
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