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Hoje é o Dia do Rock, criado há
29 anos, mas o gênero nasceu mesmo em 1954
O Dia do Rock, celebrado hoje, é
uma efeméride a mais no calendário. Num dia 13 de julho, há 29 anos, aconteceu
no estádio de Wembley, na Inglaterra, o Live Aid, um festival idealizado pelo
roqueiro Bob Geldof (vocalista do Boontown Rats), a fim de arrecadar dinheiro
para mitigar o sofrimento na Etiópia, onde a população passava por uma das
maiores secas de sua história. Foi o maior evento do gênero até então.
Praticamente todos os grandes
nomes do rock inglês e americano participaram do Live Aid, com shows dos dois
lados do Atlântico (e também no Japão, na Austrália e na Rússia). Foi
transmitido ao vivo pela TV, alcançando uma audiência de 1,5 bilhão de pessoas
em 100 países. O baterista e cantor Phil Collins teria sido o autor da sugestão
para que aquele data fosse, daí em diante, celebrada internacionalmente como o
Dia do Rock.
Por coincidência, foi num dia 13
de julho que os Rolling Stones começaram. Mas a celebração do Dia do Rock hoje
tem um a conotação especial. O rock ‘n’ roll, até agora ligado à juventude,
como um Peter Pan que nunca saiu da fase adolescente, tornou-se sexagenário.
Foi num dia 5 de julho de 1954, no estúdio da Sun Records em Memphis,
Tennessee, que três caipiras, Elvis Presley, Scotty Moore e Bill Black,
gravaram That’s all right, a primeira música que se pode chamar de rock ‘n’
roll. Uma mistura original de blues e country & western. Em lugar de copiar
ou tirar arestas e embranquecer a canção, Elvis fez dela uma coisa nova.
Numa região em que negros e
brancos viviam em segregação, o que à ótica de hoje parece algo quase banal, há
seis décadas era subversão e revolução ao mesmo tempo. Em 17 de maio de 1954,
dois meses antes do disco de Elvis Presley That’s all right chegar às lojas,
com selo da Sun Records, a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou contrária
à Constituição a segregação nas escolas, como era a praxe no Sul dos EUA. Uma
decisão iniciada pela citação judicial à administração escolar de Topeka,
capital do Kansas, pelo cidadão negro chamado Oliver Brown, indignado com o
fato de sua filha não poder ser aluna de uma escola próxima à sua casa, que só
aceitava alunos brancos. A decisão da Supremo Corte derrubou o princípio de
“escolas iguais, porém separadas”.
A segregação musical também
existia. Gravadoras criaram os chamados “race records”, discos direcionados ao
consumidor negro. Pode-se acabar com segregação por decretos, mas racismo, não.
Em 18 de julho de 1957, a censura suspendeu um programa de TV de grande
audiência, The big beat, de Alan Freed, o homem a quem se atribuiu ter dado o
nome rock ‘n’ roll à nova música. A suspensão deveu-se a Frankie Lymmon, um
negro, líder do grupo The Teenagers, ter ousado dançar diante das câmeras com
uma moça branca.
CENSURA
Em 1956, ano em que Elvis Presley
foi contratado pela RCA e catapultado a ídolo internacional como Rei do Rock
‘n’ Roll, o Conselho de Cidadão de Nova Orleans distribuiu um panfleto
incitando a população branca a não permitir o filhos consumirem “discos de
negro”: “Os gritos, as letras idiotas e a música selvagem desses discos enfraquecem
a juventude branca da América. Liguem para os locutores das estações de rádio
que difundem esse tipo de música e reclamem. Não deixem seus filhos comprarem
ou ouvirem esses discos de crioulos”, diz o panfleto, que tem o título de Ajude
a salvar a juventude da América.
A citação às emissoras de rádio,
porque elas foram importantes agentes na derrubada de barreiras
segregacionistas. Os DJs (disc-jockeys) não atendiam aos pedidos de separação
de raças na música. A mistura de negros e brancos que programaram foi de uma
influência marcante.
Enquanto guiavam os automóveis
dos pais à noite, com a turma ou a namorada, o jovem sintonizava as emissoras
onde se tocavam rock e rhythm & blues, Elvis Presley e Fats Domino, Gene
Vincent e Little Richard. Uma emissora de ondas potentes como a WLAC, de
Nashville, por exemplo, que tocava country & western e blues desde 1946,
alcançava o país inteiro.
Jornal do Commercio.
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