A
PRIMEIRA DERROTA ACACHAPANTE
A presidente Dilma sofreu, ontem, a
sua primeira grande derrota com a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para
presidente da Câmara dos Deputados. Além de levar no primeiro turno, obtendo
267 votos, 10 a mais do que esperava, Cunha deixou o PT sem representante na
mesa diretora pela primeira vez.
Foi uma derrota anunciada. Dilma
sabia que perderia, mas fez um esforço concentrado nos últimos dias para tentar
levar a eleição pelo menos para o segundo turno, mas não conseguiu. Arlindo
Chinaglia, do PT de São Paulo, teve apenas 136 votos, resultado vexatório.
Cunha tem todos os méritos da
vitória. Fez a melhor campanha, trabalhou em cima de uma estratégia e
consolidou uma liderança em ascensão que já se previa desde o momento em que
começou a impor derrotas ao Governo como uma das principais lideranças
dissidentes no PMDB.
A derrota do PT e de Dilma tem outros
componentes. A Câmara quis manter uma postura de independência em relação ao
Planalto, mandou um recado de que não está satisfeita com o Governo nem com o
estilo Dilma. O candidato escolhido pelo PT, Arlindo Chinaglia, ajudou a levar
o Governo para o buraco.
Detém uma forte rejeição entre os
seus pares na Casa, não transita bem sequer no seu próprio partido e é odiado
pelos servidores da Câmara pela péssima gestão que fez, não prestigiando os
quadros técnicos, congelando salários e até perseguindo a categoria dos
servidores em geral, que torceram pela sua derrota.
Por fim, a vitória de Cunha
representa um equilíbrio entre os poderes, acabando a hegemonia do Executivo
que controlava as duas Casas – Senado e Câmara. O Congresso passa a viver uma
nova, exigindo do Governo uma postura mais conciliatória e menos arrogante.
DESASTRE– Não foi Lula Cabral que perdeu a
eleição para primeiro-secretário, mas o Governo. Credite o insucesso do
socialista à precária articulação política do governador Paulo Câmara. O chefe
da Casa Civil, Antônio Figueira, entende muito de gestão hospítalar, mas é
leigo no trato da política, um verdadeiro neófito. Neste campo, o governador
Paulo Câmara está muito mal assessorado e a derrota na Alepe pode ser apenas o
início de um processo desastroso no campo político se insistir em bater cabeça
com Figueira.
UNIVERSAL COM A
GRANA– A poderosa
primeira-secretaria da Câmara dos Deputados, que cuida das finanças da Casa,
passa ao controle da Igreja Universal com a eleição do deputado Beto Mansur
(PRB-SP). Já o vice-presidente Waldir Maranhão, do PP maranhense, fortalece o
grupo ligado a Ciro Nogueira e Eduardo da Fonte.
REBAIXADO – Pela primeira vez, Pernambuco fica de
fora da mesa diretora da Câmara dos Deputados. Não foi eleito sequer um
suplente. Gonzaga Patriota, que representava o Estado na suplência dos
secretários, cedeu seu lugar para a deputada Luiza Erundina. Pernambuco já
chegou a ter presidente: Inocêncio Oliveira, que não disputou a reeleição.
DERROTA E CUSTO– A oposição comemorou bastante a
vitória de Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados como a primeira grande derrota
do Governo Dilma. E o que dizem é que a reeleição de Renan Calheiros põe a
espada de Damôcles na cabeça do Governo. Traduzindo: não é vitória da oposição,
mas o PMDB cobrará um preço caro.
PAPARICADO E FORTALECIDO– Paparicado por parlamentares de diversos Estados, ontem na posse, o
agora deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB) será tratado a pão de ló pelo novo
presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Se no Senado Jarbas não relatou, em oito
anos, uma só Medida Provisória, na Câmara será bem diferente, podendo até
presidir uma comissão destacada.
CURTAS
SURPRESA– Com toda a carga dada pelo Governo,
o candidato do PT à Presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia, só teve 36 votos
a mais do que Júlio Delgado, postulante do PSB, que foi, sem dúvida, a grande
surpresa, pois os prognósticos indicavam que teria apenas 40 votos.
RENÚNCIA– O presidente estadual do PSDB, Bruno
Araújo, foi eleito líder da minoria, o que o motivou ainda mais a entregar o
comando do partido no Estado ao deputado Antônio Moraes. “Não tenho tido tempo
para cuidar do partido no Estado”, disse.
Perguntar não ofende: E agora, Dilma?
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