É
até maldade o que a presidente Dilma está fazendo com sua amiga Graça Foster,
obrigada todos os dias a mostrar a cara para explicar o inexplicável na
enxurrada de denúncias, prejuízos e lambanças na Petrobras, outrora a maior
empresa brasileira.
Lealdade
e teimosia deveriam ter limite quando estão em jogo os interesses da Nação.
Chegamos a um ponto, após a divulgação do último balanço da empresa, na
madrugada desta quarta-feira, com dois meses de atraso, em que não dá mais para
adiar a troca imediata de toda a diretoria executiva e do conselho de administração
da Petrobras.
Trata-se
de uma questão de sobrevivência da empresa. O desafio, agora que chegamos ao
fundo do poço, é saber quem aceita pegar esta bucha de canhão, com todos os
processos que correm na Justiça brasileira e nos Estados Unidos.
Basta
citar apenas um número sobre o que aconteceu após a divulgação do balanço: as
ações da Petrobras caíram 11,2% na Bolsa e o valor de mercado da empresa
desabou de R$ 129 bilhões para R$ 115 bilhões, uma perda de R$ 13,9 bilhões em
apenas um dia.
De
nada adianta agora Dilma fazer discursos denunciando os inimigos internos e
externos interessados na privatização da empresa. Que eles existem, e são
poderosos, cansamos de ver todos os dias na mídia familiar, mas isto não
resolve o desafio imediato, urgente, inadiável: evitar a quebra da empresa, com
o contínuo derretimento das suas ações e dos seus ativos.
Para
isso, é preciso recuperar um mínimo de credibilidade no mercado, com a
indicação de novos responsáveis pelo seu comando, exatamente como Dilma fez ao
nomear Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. Vejam bem, não estão em
discussão a competência e a honestidade de Dilma e Graça, mas a presidente da
Petrobras está visivelmente com seu prazo de validade vencido. Nem ela aguenta
mais.
Meu
colega Heródoto Barbeiro já mostrou quarta-feira no telão do Jornal da Record
News os números desta tragédia anunciada a cada balanço, ano a ano, trimestre a
trimestre, desde o início das denúncias do esquema de corrupção pela Operação
Lava Jato. O valor dos prejuízos é incalculável, como a própria empresa
reconheceu, em seu comunicado oficial sobre o balanço, que omitiu este dado, e
fez a Bolsa despencar.
Não
tenho ações da Petrobras, nada entendo de balanços nem de economia, mas não é
preciso ser nenhum especialista para saber que lucro é lucro, prejuízo é
prejuízo, tanto faz se é numa instituição pública ou privada. Toda empresa tem
que dar lucro ou acaba fechando. E a Petrobras não é uma entidade de
benemerência.
No
mesmo dia em que o balanço do terceiro trimestre, sem aval de uma auditoria
externa, mostrou uma queda de 38% no lucro líquido em relação ao período
anterior, enquanto o endividamento da empresa crescia 18% apenas entre o final
de 2013 e setembro de 2014, atingindo estratosféricos R$ 261 bilhões, o McDonald´s,
que também não é uma entidade de benemerência, anunciava a demissão do seu
presidente, Dan Thompson.
Motivo:
as vendas globais da empresa caíram 1% (sim, apenas um por cento) em 2014 e o
lucro líquido mostrou queda de 15% no ano. A Petrobras, eu sei, não é um
McDonald´s, mas acionista é acionista em qualquer lugar do mundo. E qualquer
empresa, no mundo capitalista em que vivemos, depende de investimentos e
financiamentos, não vive de discursos nem de ideologias.
A
teimosia de Dilma em deixar tudo como está causa crescentes prejuízos não só à
Petrobras e seus acionistas, mas à imagem do seu próprio governo e à do país.
Até
quando?
E
vamos que vamos.
Blog do Magno Martins
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