PRODUÇÃO permite ocupação para elas e ainda gera renda para toda a família |
BRUNO BASTOS
Em um pequeno galpão na comunidade Maria Auxiliadora, em Gravatá, no Agreste pernambucano, as integrantes da Casa das Mulheres de Gravatá se dedicam à produção de sabão em barra, feito a partir da reciclagem de óleo de cozinha. O material é doado por restaurantes e lanchonetes da própria cidade, que dessa maneira asseguram o descarte do resíduo e evitam a poluição dos cursos d’água da região. Depois de prontos, os sabões são vendidos por R$ 0,50 a barra - a maioria é comprada pelas próprias donas de casa do bairro.
Segundo a presidente da Casa das Mulheres, Bernadete Barbosa, a produção começou quando ela e outras quatro associadas frequentaram um curso de saponificação - processo de transformar óleo em sabão, misturando água, soda cáustica e desinfetante líquido - oferecido em 2009 por uma professora da Universidade Federal de Pernambuco. “Eu vi a receita e comecei a fabricar o sabão. Com cinco litros de óleo dá para fazer de 40 a 50 unidades”, relatou Bernadete. Ela fundou a associação há seis anos com o objetivo de proporcionar uma atividade para as mulheres da comunidade que, segundo ela, não tinham nenhum tipo de ocupação.
A reciclagem é relativamente simples. Em um balde grande, as mulheres dissolvem a soda cáustica em água, adicionam o desinfetante e o óleo. Logo em seguida, elas mexem a mistura com uma colher de pau até “acertar o ponto”, que é quando o sabão ganha uma consistência pastosa. A mistura é despejada em uma forma quadrada, dividida em pedaços retangulares e deixada para perder a umidade. “A gente não tem um volume fixo de produção porque dependemos do óleo que é enviado pelos restaurantes. O nosso objetivo, agora, é conseguir uma batedeira industrial, para fabricar o sabão em larga escala”, acrescentou a presidente.
Além do sabão “reciclado”, as mulheres de Gravatá também participam de cursos de formação profissional, fazem e vendem produtos artesanais, como capas de almofadas, bordados, bonecas de pano e doces; e têm acesso a programas de microcrédito. De acordo com a dona de casa Regineide Alves, de 46 anos, a associação mudou a realidade da comunidade. “A gente até consegue tirar um dinheiro legal com as encomendas, mas o ganho maior para mim é psicológico. A gente sai de casa, trabalha com as amigas e se sente útil”, disse.
(Folha de Pernambuco)
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