PARTE 3
Crise e falência
Trabalhando a todo vapor, Lobato teve que enfrentar uma série de obstáculos.
Primeiro, foi a Revolução dos Tenentes que, em julho de 1924, paralisou as atividades da sua empresa durante dois meses, causando grande prejuízo.
Seguiu-se uma inesperada seca, que decorreu em um corte no fornecimento de energia.
O maquinário gráfico só podia funcionar dois dias por semana.
Arthur Bernardes |
E numa brusca mudança na política econômica, Arthur Bernardes desvalorizou a moeda e suspendeu o redesconto de títulos pelo Banco do Brasil.
A conseqüência foi um enorme rombo financeiro e muitas dívidas.
Só restou uma alternativa a Lobato: pedir a autofalência, apresentada em julho de 1925.
O que não significou o fim de seu ambicioso projeto editorial, pois ele já se preparava para criar outra empresa.
Assim surgiu a Companhia Editora Nacional.
Hans Staden |
Jean de Léry |
Sua produção incluía livros de todos os gêneros, entre eles traduções de Hans Staden e Jean de Léry, viajantes europeus que andaram pelo Brasil no século XVI.
Lobato recobrou o antigo prestígio, reimprimindo nela sua marca inconfundível: fazer livros bem impressos, com projetos gráficos apurados e enorme sucesso de público.
Lobato no Rio de Janeiro
Decretada a falência da Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato, o escritor mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde permaneceu por dois anos, até 1927.
Henry Ford |
Já um fã declarado de Henry Ford, publicou sobre ele uma série de matérias entusiasmadas em O Jornal. Depois passou para A Manhã, de Mario Rodrigues.
Além de escrever sobre variados assuntos, em A Manhã lançou O Choque das Raças, folhetim que causou furor na imprensa carioca, logo depois transformado em livro.
Do Rio Lobato colaborou também com jornais de outros estados, como o Diário de São Paulo, para o qual em 20 de março de 1926 enviou "O nosso dualismo", analisando com distanciamento crítico o movimento modernista inaugurado com a Semana de 22.
O artigo foi refutado por Mário de Andrade com o texto "Post-Scriptum Pachola", no qual anunciava sua morte.
Lobato em Nova Iorque
Em 1927, Lobato assumiu o posto de adido comercial em Nova Iorque e partiu para os Estados Unidos, deixando a Companhia Editora Nacional sob o comando de seu sócio, Octalles Marcondes Ferreira.
Durante quatro anos, acompanhou de perto as inovações tecnológicas da nação mais desenvolvida do planeta e fez de tudo para, de lá, tentar alavancar o progresso da sua terra.
Trabalhou para o estreitamento das relações comerciais entre as duas economias.
Expediu longos e detalhados relatórios que apontavam caminhos e apresentavam soluções para nossos problemas crônicos.
Falou sobre borracha, chiclete e ecologia. Não mediu esforços para transformar o Brasil num país tão moderno e próspero como a América em que vivia.
CONTINUA...
FONTE E TEXTO: lobato.globo.com
POR JOHNNY RETAMERO
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