quinta-feira, 21 de abril de 2011

HÁ 51 ANOS NASCIA BRASÍLIA


Juscelino Kubitschek

PARTE 1
RUMO AO PLANALTO
Menos de três meses depois de tomar posse na presidência, JK deu o primeiro passo para construir uma nova capital no centro do país – cumprindo, assim, promessa que fizera, no início da campanha, durante um comício na cidade goiana de Jataí.

Cumpria também um dispositivo incluído em sucessivas Constituições – a idéia de transferir a capital federal vinha de muito longe, do tempo do Império, sem que os governantes fizessem muito para tirá-la do papel. 

Disposto a fazer dela a "meta-síntese" do ambicioso Plano de Metas com que chegou à presidência, a 18 de abril de 1956 Juscelino enviou projeto de lei ao Congresso Nacional.

Depois de vencer resistências de parlamentares da oposição, o projeto se transformou em lei, sancionada a 19 de setembro, que fixava os limites do novo Distrito Federal e autorizava a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). 

Para presidi-la, JK escolheu um velho amigo, o engenheiro Israel Pinheiro, deputado federal pelo Partido Social Democrático (PSD) de Minas Gerais.


Outra lei, de 1º de outubro, fixou a data para a mudança da capital: 21 de abril de 1960. Significava que tudo teria que ser feito no curto espaço de três anos e sete meses.

Mesmo entre os governistas, poucos acreditavam que isso aconteceria. 

E a oposição apostava que o presidente, ao se meter naquela missão impossível, acabaria desmoralizado.
A PRIMEIRA VISITA AO PLANALTO
Marcada para 21 de abril de 1960 a mudança da capital, a 2 de outubro de 1956 o presidente JK embarcou com pequena comitiva num DC-3 da Força Aérea Brasileira e foi conhecer o lugar onde Brasília seria edificada.

O avião desceu numa precaríssima pista de 2 mil metros, rasgada dias antes pelo vice-governador de Goiás, o engenheiro agrônomo carioca Bernardo Sayão – responsável, entre outras obras, pela abertura da rodovia Belém-Brasília, em cuja construção morrerá, em janeiro de 1959.

Por ocasião dessa primeira visita, JK deixou no Livro de Ouro da futura capital uma frase que se tornou célebre e está gravada no mármore do Museu da Cidade, na praça dos Três Poderes:

"Deste planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino."
NASCE UMA CIDADE
Juscelino Kubitschek 

Sob o comando de Israel Pinheiro, o presidente da Novacap, a 3 de novembro de 1956 tratores já levantavam poeira nos trabalhos de terraplenagem em Brasília. 

Uma semana depois, estava pronto um "palácio" de madeira, o Catetinho. 

A pista de pouso provisória aberta por Bernardo Sayão para a primeira visita de JK, um mês antes, foi espichada para 3 mil metros e no começo de 1957 estava pavimentada.

O presidente, que tinha paixão por aviões, haveria de usá-la, nas freqüentes viagens que fazia do Rio de Janeiro – a "Belacap", dizia-se então, ou "Velhacap" –, a bordo de valentes DC-3 (trocados, mais adiante, por um turboélice Viscount), em vôos que duravam quase cinco horas. 

Saía no começo da noite, inspecionava obras no início da madrugada, pegava o avião de volta e, acomodado num leito improvisado, ia amanhecer no Rio. Em cinco anos de governo, faria 365 viagens a Brasília.

Estradas eram abertas para ligar a lonjura do planalto aos grandes centros do país, pondo por terra a lenda, alimentada pelos críticos da mudança, de que a construção de Brasília dependia do dispendioso transporte aéreo.

Em março de 1957, no Rio, uma comissão julgadora formada por urbanistas brasileiros e estrangeiros escolhia o melhor projeto para a nova capital, com previsão de 600 mil habitantes – o de número 22, assinado por Lúcio Costa.

No Plano Piloto por ele concebido, de genial simplicidade, tudo se organizava em torno de dois eixos dispostos em cruz. Brasília, dirá o autor, "nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal-da-cruz".
DO ALTO, JK VÊ AS OBRAS
Com a mudança da capital marcada para 21 de abril de 1960, tudo teria que ser feito em regime de urgência. 

O planalto Central transformou-se num fervedouro de candangos, como eram chamados os operários, em sua maioria vindos do Nordeste em busca de trabalho. 

(Junto com o nome do presidente, o apelido desses trabalhadores foi tomado para batizar uma espécie até então desconhecida de roedor, encontrada no cerrado goiano, nessa época, pelo biólogo João Moojen de Oliveira.)

Instalados em cidades-satélites que brotaram à margem do plano-piloto, em abril de 1957 eles eram 10 mil. Três anos depois, 60 mil. JK recordará aquele poeirento formigueiro:

"Sobrevoando o planalto é que se tinha uma visão de conjunto dos trabalhos. Caminhões iam e vinham, levando ou trazendo material de construção. Bulldozers, às dezenas, revolviam a terra, abrindo clareiras no cerrado. 

[...] Aqui e ali, já se viam as torres metálicas das estações de telecomunicações, através das quais centenas de mensagens eram enviadas, pedindo cimento, cobrando remessas de material elétrico, exigindo jipes, caixas-d'água, tambores de gasolina, gêneros enlatados, peças de veículos. 

Era um mundo que despertava no cerrado, ressonante de sons metálicos e estuante de energia humana. [...] O próprio chão estremecia, rasgado pelas estacas Franki. 

Os edifícios iam surgindo da terra, perfurada em todas as direções. Cada obra ostentava uma tabuleta com os dizeres: 'Iniciada no dia tal. Será concluída no dia tal'."

CONTINUA...

FONTE E TEXTO: www.portalsaofrancisco.com.br








POR JOHNNY RETAMERO

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