Hoje, amanhã e domingo, a Folha de Pernambuco estará mostrando a realidade enfrentada pelos moradores das cidades da Mata Sul e Agreste do Estado, um ano depois da enxurrada, que causou incontáveis estragos nas estruturas dos municípios e na vida dos seus habitantes.
A situação melhorou, mas está longe de ser considerada normalizada. Quase todos os prédios, casas, pontos de comércio e atrativos turísticos destruídos pela cheia, ainda estão em fase de recuperação. O que pôde proporcionar um pequeno alívio na vida das pessoas que perderam tudo o que tinham, foi a solidariedade dos pernambucanos, que através de doações, garantiram água potável a alimentos para as vítimas do terrível fenômeno. Hoje, o governador Eduardo Campos visitará os municípios de Barreiros e Palmares, onde 139 famílias receberão novas moradias.
Mesmo depois de tanto tempo, de tanto sofrimento, as populações das cidades de Palmares e Barreiros ainda não podem descansar em paz, com as vidas refeitas, com o passado enterrado. Neste dia 17 de junho, há um ano atrás, os municípios enfrentavam a pior enchente da sua história.
O rio Una subiu rapidamente por conta das chuvas, alcançado cerca de dez metros de altura, e levando consigo móveis, animais, postes, calçadas e até mesmo pontes e casas inteiras. Dezenas de pessoas morreram e centenas ficaram desabrigadas. Pouco tempo depois, o Governo do Estado liberou uma verba de R$ 50 milhões para iniciar imediatamente a recuperação, mas quem passa por essas cidades pode perceber nas ruas e nas pessoas, o sentimento de perda, e a esperança de uma melhoria de vida que ainda não chegou. Hoje, o governador Eduardo Campos entregará 139 casas, das quais 55 em Barreiros e 84 em Palmares.
Para piorar a situação, em abril deste ano, o rio transbordou novamente, trazendo consigo o medo de uma nova tragédia. O volume das águas foi menor do que a enxurrada de 2010, mesmo assim, mais transtornos foram relatados pela população. As únicas ajudas concretas que foram levadas até os municípios foi a solidariedade do povo pernambucano, que de todas as regiões do Estado enviaram água, comida, materiais de higiene pessoal e roupas para as vítimas.
Aqueles que perderam suas casas estão recebendo um auxílio-moradia no valor de R$ 150, o que não está sendo suficiente para alugar uma residência, já que por conta da grande procura, os donos de imóveis não se sensibilizam e continuam a cobrar altos valores no aluguel.
O comerciante Jessé Vitor da Silva, de 56 anos, contou sobre as dificuldade enfrentadas para reconstruir a sua casa e sua loja de peças automotivas, no bairro do Tibiri, em Barreiros. Segundo ele, existem pessoas que ainda não saíram da casa de parentes e amigos, por não terem lugar para ir ou condições financeiras para alugar uma residência, e que só conseguiu retomar o negócio com a ajuda da família. “Ainda está sendo muito difícil.
O comércio ainda não retornou à normalidade e estou devendo dinheiro até hoje. Mesmo assim considero minha situação estável, comparada a de outras pessoas que conheço”. Jessé afirma também, que já tinha passado por uma situação parecida na enxurrada no início dos anos 2000, mas a destruição causada em junho de 2010 foi a mais forte enfrentada pela cidade.
O hospital e as escolas do município estão funcionando em locais adaptados, e as pontes que ligam os bairros da periferia ao centro da cidade ainda permanecem desativadas. Para realizar a passagem de pessoas, o Governo do Estado disponibilizou pequenas embarcações, mas o deslocamento de veículos está comprometido.
O autônomo José Tenório da Silva, 42, que há 30 anos vive em Barreiros, falou que a população está sofrendo com a falta dos serviços básicos. “Eu não vejo proteção na cidade, se qualquer outra chuva cair por aqui, vai acontecer tudo de novo. Sei que muitas intervenções atrasaram por conta das chuvas deste ano, no entanto, eu acho que poderia ser tomado outro rumo, um que atue de forma mais emergencial”, completou.
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Folha de Pernambuco
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