quinta-feira, 14 de julho de 2011

E O POVO IMPLANTOU O REAL



A economia brasileira pode ser dividida entre antes e depois do plano real. A moeda foi implantada em 1994 pelo ex-presidente Itamar Franco, morto no  sábado( 02 de JULHO). O plano chegou com a missão de combater a inflação do país que chegou em 17 de julho de 1994 a impressionantes 5.000% ao ano.

Os preços eram tão voláteis que o que se comprava por um preço pela manhã, não se conseguia mais comprar a tarde.

Nesses 17 anos o Real trouxe grande estabilidade financeira, além do aumento do consumo entre as classes C, D e E. O resultado disso foi uma significativa diminuição nos preços, principalmente de eletroeletrônicos. A industria também se beneficiou com o aumento dos investimentos e da competitividade.

Na história, a moeda brasileira mudou 5 vezes em 8 anos com 6 planos econômicos e com momentos radicais como o seqüestro  da poupança durante o plano Collor, no início dos anos 90. Se fazia necessário ao país encontrar uma solução para esse abismo em que se encontrava.

Mas se percebeu principalmente, um grande engajamento do povo brasileiro nesse processo de instalação da nova moeda, desde os cobradores de ônibus, que logo cedo já estavam de posse do novo dinheiro, ao camelô que bradava aos ventos que ali na sua barraquinha o cliente teria lições sobre o novo dinheiro ( sem falar que isso já acontecia durante a indefectível URV ), passando pelos bancos e o pessoal do banco central que trabalhou dia e noite naquela semana para mudar todo o meio circulante do país  e tirar as duvidas de  todos a respeito do novo projeto. Um reflexo disso foi o acordo entre bares e restaurantes com o banco central, onde a moeda chegaria logo cedo para eles, facilitando seu comércio.Foi um momento único de grande mobilização e de esperança que o povo brasileiro deu naquela momento.Não se pode deixar de citar, obviamente, a importância do presidente Itamar Franco durante a implantação.

Mesmo sendo obra de uma equipe chefiada pelo, na época ministro da fazenda, Fernando Henrique Cardoso, a posição política de Itamar ( que entrara após o impeachment  do presidente Fernando Collor) foi decisiva.

Poderia Itamar apenas ser um “tapa buraco” e “empurrar com a barriga” os dois anos restantes de governo, pois o mais importante ele já tinha feito, que foi garantir a democracia brasileira em um momento muito delicado, ameaçada que foi pela instabilidade institucional que pairava. Conseguiu Itamar agregar em torno de si a maioria das forças políticas e garantir a continuidade democrática, isso por si só, já teria sido um grande feito.

Mas corajoso como sempre foi, sabia que a instabilidade da moeda era um preço alto demais que a população brasileira, especialmente a mais pobre pagava, e em um momento  sensível da política nacional, prontamente, atendeu ao projeto da equipe chefiada pelo sociólogo que viria a ser presidente mais tarde, Fernando Henrique Cardoso  ( que se faça justiça, não mais estava a frente da pasta da fazenda na época da implantação, mas coube a ele convencer o presidente da importância e eficácia do plano ) e aprovou a implantação do Plano Real.

Os resultados do plano foram tão positivos que políticos, antes duros críticos do projeto, tiveram que rever suas posições e mantê-lo, como o ex-presidente Lula, que foi bastante importante, não em sua implantação, mas na continuidade das mudanças, aprendendo que economia não se faz da noite para o dia, mas com tempo, persistência e competência.

No entanto, apesar de fabricado em gabinetes com paletó e gravata, o grande personagem foi mesmo o povo brasileiro, ansioso que estava por um momento de tranqüilidade econômica, ajudou na implantação e na manutenção do plano, que em vários momentos se viu ameaçado por várias crises.

A sabedoria popular não se enganou quando reconheceu que o primeiro passo para um país grande, inclusivo e estável, é justamente a estabilidade econômica . Hoje o Brasil é respeitado como lugar de investimento e com inflação controlada, além de ser um pais organizado em sua economia, sem as inflação galopantes dos anos 80 e começo dos 90.

ENVIADO POR NOSSO CORRESPONDENTE NIELSON VARELA - DIRETO DO RECIFE

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