Da Folha de Pernambuco
Primeiro, o desaparecimento. Depois, a morte. As duas notícias recebidas pela família de uma criança de apenas 8 anos causaram comoção no Alto do Cruzeiro, no bairro de Nova Descoberta, Zona Norte do Recife. Após mais de seis horas desaparecido, o corpo do menino Venício Rogério da Silva foi encontrado na noite de ontem, no terraço de uma residência, nas proximidades de sua casa. Mas, de acordo com testemunhas, a criança não morreu naquele lugar. Venício teria sido visto por volta do meio-dia tentando recuperar uma pipa no quintal da casa que fica em frente à que ele foi encontrado, na rua Francisco Passos. O imóvel é conhecido pelos moradores da área por causa de uma gambiarra elétrica feita pelo proprietário, identificado como Ricardo José de Oliveira Melo, de 35 anos. Ao pular na residência, o garoto teria morrido eletrocutado.
Quando perceberam a chegada do dono da casa, familiares da vítima foram até o local perguntar pela a criança. Ricardo teria informado desconhecer o paradeiro do menino. Porém, ao deixarem a residência, os familiares escutaram um barulho. “Eles informaram que era como se estivessem jogando alguma coisa. Em seguida, o corpo da criança foi achado na casa de trás”, informou o soldado José Teixeira, do Gati do 11º BPM. Revoltados, moradores da comunidade chegaram a quebrar a telha e objetos da casa de Ricardo, e ameaçaram linchar o homem, que teve que ser escoltado pelos policiais.
Dentro da residência, os fios elétricos estavam espalhados por toda a parte. No quintal da casa, em um isopor, Ricardo escreveu : “Se pular, morre. 380 volts”. Segundo a polícia, a residência já teria sido invadida duas vezes. Para o pai da criança, Almir Rogério da Silva, 28, a morte do filho foi sinônimo de desconsolo. “Ele estava desaparecido desde o meio-dia e estava todo mundo preocupado. Mas a gente não imaginava o que teria acontecido. Eu sempre pedia para ele não subir nos muros para soltar pipa”, desabafou. Ricardo José foi levado para a GPCA, onde foi autuado pelo delegado Erivaldo Guerra por homicídio doloso (com intenção de matar) e ocultação de cadáver. O dono da casa onde foi achado o menino também foi encaminhado à delegacia, onde prestou esclarecimentos e foi liberado.
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