PE ganha 1º banco do Norte-Nordeste para tratamentos ortopédicos e de queimados

Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

Pernambuco ganha, nesta segunda-feira (19), o primeiro Banco Multitecidos do Norte-Nordeste, que passará a funcionar no Recife, no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, o Imip. No local, serão disponibilizados pele, tecidos musculares e córneas extraídos de cadáveres, para promover a reabilitação de pacientes em tratamento. O departamento, que ocupa uma área de 200 m², será inaugurado às 17h, em solenidade com a presença do ministro da saúde, Alexandre Padilha, que disponibilizou o equivalente a R$ 2 milhões em investimentos no Imip.

A iniciativa cumpre recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que prevê a criação de um banco de pele em municípios com mais de meio milhão de habitantes, realidade ainda distante no Brasil, onde, em real funcionamento, até o momento, existem apenas três.

O banco de pele funcionará como provedor de tecido para tratamento, em especial de pacientes vítimas de queimaduras graves, quadro encontrado em pelo menos 1% dos acidentados do gênero. Espera-se, assim, uma recuperação mais rápida, com mais qualidade e menos suscetível a inflamações. Em média, são necessárias doações de três pessoas para o tratamento completo de apenas um paciente.

O centro de referência musculoesquelético, por sua vez, disponibilizará ossos, bem como tendões, ligamentos e cartilagens musculares, a serem utilizados como enxertos em pacientes ortopédicos e cirurgias gerais que envolvam comprometimento de tais tecidos nos receptores, especialmente em casos de traumas severos, cirurgias de coluna e retiradas de tumores. Já o banco de córneas fornecerá os órgãos para pacientes submetidos a cirurgias oftalmológicas.

De acordo com o coordenador da Unidade Geral de Transplantes, Amaro Medeiros, a disponibilização destes órgãos representa um avanço no tratamento de pacientes no estado, em especial no caso de queimaduras severas, uma vez que, até então, o tratamento indicado seria o enxerto na pele danificada de partes da pele extraídas de áreas sadias do próprio paciente. “Dessa forma teremos um avanço, podendo promover melhorias de vida a partir de quem já não terá mais uso desses órgãos, claro, com o consentimento dos familiares”, afirma.

O investimento de R$ 2 milhões contempla ainda outros dois avanços significativos para pacientes de todo o estado. Um deles é a criação de mais um centro de referência pernambucano para cirurgias de transplante de medula compatível, para tratar doenças de ordem sanguínea e cânceres, incluindo em casos de doadores não aparentados. O segundo, e mais emblemático, é a criação do primeiro centro de transplante de pâncreas do Norte-Nordeste. A cirurgia, bastante complexa, será realizada de forma dupla, em transplantes que também envolvam um rim para pacientes que tenham quadro de falência renal, normalmente provocado por diabetes tipo 1. Apenas dois procedimentos foram realizados no estado, no ano de 2006, mas a cirurgia já é realizada nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A dificuldade, neste caso, é, mais uma vez, por doadores considerados ′ótimos`, que tenam a retirada dos órgãos autorizados pela família. "São normalmente jovens, com tecidos bem conservados, sem complicações dos órgãos e que tenham morte encefálica diagnosticada. Normalmente, são casos de acidentes com motos em que a família aceita doar os órgãos do paciente”, conclui Medeiros. Até o momento, apenas cinco pacientes são candidatos, registrados, aptos ao transplante duplo de pâncreas e rim no estado.