Da BBC Brasil
Dos países analisados pelo estudo,
nenhum obteve a nota máxima (5) de total prontidão contra ataques virtuais. Os
mais bem-colocados no ranking são Israel, Finlândia e Suécia, com nota 4,5. Até
agora, a corrupção policial e a falta de legislação para combater crimes
cibernéticos constituem o calcanhar de Aquiles do Brasil. Ciberataques contra
usuários (de sites de bancos) estão acima da média mundial. Exemplos de ataques estão ocorrendo nesta
semana, quando hackers brasileiros estão alvejando sites de bancos. Na
segunda-feira, o site do Itaú ficou indisponível por alguns momentos; nesta
terça, o mesmo está acontecendo com o site do Bradesco.
′Hackers em vantagem`
O estudo Cyber Defense Report foi
feito a partir de entrevistas com mais de 300 analistas e autoridades em
segurança cibernética de governos, empresas, organizações internacionais e da
academia, segundo a SDA.
Uma de suas conclusões é de que os
hackers estão, em geral, em situação de vantagem, "atacando sistemas com
fins de espionagem industrial e política ou para praticar roubos".
Países como China, Itália e Rússia
tampouco receberam boas notas no ranking - 3, de um máximo de 5. Estados
Unidos, Grã-Bretanha, Espanha, Alemanha e França ficaram com nota 4. As notas
levam em conta a adoção de medidas básicas - como firewalls (dispositivos que
protegem contra hackers) adequados e proteção antivírus - e outras mais
sofisticadas, como educação e grau de informação do governo.
Para Raj Samani, da McAfee, o ranking
é subjetivo, mas é justamente essa sua validade. "O ranking dá a percepção
da prontidão (dos países) na opinião de pessoas que entendem e trabalham com
cibersegurança diariamente", diz.
As ameaças, é claro, variam de país
para país. No caso do Brasil, Raphael Mandarino, diretor do Departamento de
Segurança da Informação e Comunicações da Presidência da República, diz no
estudo que, como o país não está envolvido em guerras, "não vemos o espaço
cibernético como um campo de batalhas. Nossa cibersegurança foi criada
essencialmente para proteger a infraestrutura interna de departamentos, o que
faz com que nossa situação seja muito diferente da dos EUA", afirma.
No caso de Israel, porém, a principal
ameaça vem de "Estados e de grandes organizações criminosas", afirma
ao estudo um conselheiro de segurança do premiê Binyamin Netanyahu, afirmando
que o país montou uma força-tarefa para avaliar ameaças virtuais ao
abastecimento de água e de energia, por exemplo. O país foi recentemente alvo
de diversos ataques cibernéticos de grande escala, afetando, por exemplo, sites
da Bolsa de Valores e de companhias aéreas. Compartilhar informações "A
infraestrutura e tecnologia (de cibersegurança) pela América Latina e Caribe
tende a estar desatualizada, e esse ainda é o caso no Brasil"
O relatório diz que é necessário
aumentar o compartilhamento de informações em nível global para se proteger de
ameaças. "Criminosos cibernéticos se conectam através de distintos
países", diz o estudo. "Se são espertos, passam pelos países onde
sabem que não existe nenhuma cooperação. Eles estão compartilhando informações
- precisamos fazer o mesmo."
As conclusões foram elogiadas por
Joss Wright, integrante do Instituto de Internet de Oxford. Mas, em entrevista
à BBC, ele faz uma ressalva sobre a viabilidade do compartilhamento de
informações. "São recomendações já feitas nos últimos dez anos. Adoraria
ver o compartilhamento de informações, mas, quando se trata de segurança
nacional, existe (entre os países) uma cultura de não compartilhar,” diz
Wright.

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