Da Agência
Brasil
Quando o computador começou a chegar
nas escolas, no final da década de 80, ficava restrito às atividades
administrativas. O equipamento começou a ser inserido no cotidiano dos alunos
por meio dos antigos laboratórios de informática, ainda sem acesso à internet.
Hoje, em plena era digital, a promessa é que, em pouco tempo, os tablets
estejam nas mãos dos alunos disputando espaço com o quadro negro, livros e
cadernos. Para isso, o Ministério da Educação vai lançar este ano um edital
para que as redes de ensino possam adquirir o equipamento a custo mais baixo,
como fez com os laptops do programa Um Computador por Aluno (UCA).
“Estamos definindo as características
do aparelho, vai depender muito inclusive do custo. Não soltamos ainda o edital
porque precisa ter uma definição clara dos pré-requisitos do equipamento. Tem
que ter acessibilidade, ser resistente e rodar qualquer conteúdo”, explica
Sérgio Gotti, diretor de Formulação de Conteúdos Educacionais da Secretaria de
Educação Básica do MEC.
Atualmente, cerca de 500 escolas do
país contam com os laptops educacionais do UCA. O MEC calcula que 574
mil equipamentos foram adquiridos por meio do pregão do UCA, seja pelo próprio
governo federal ou por prefeituras e governos estaduais - o número inclui
máquinas que já foram solicitadas e estão a caminho das escolas. Considerando o
total de matrículas na rede pública nos ensinos fundamental e médio, o número
de estudantes que têm um computador em mãos hoje dentro da sala de aula
representa menos de 2% das matrículas - se cada máquina estiver sendo utilizada
individualmente, como previa o projeto original.
Segundo Gotti, a intenção nunca foi
universalizar o programa e levar os laptops a todos os alunos. O
ministério defende que os tablets não virão para substituir os laptops,
mas complementar as tecnologias existentes nas escolas.
“As políticas na verdade se
complementam e a gente espera universalizar a tecnologia unindo os tablets,
os laptops e os computadores de mesa. As tecnologias se somam e a gente
trabalha com as alternativas disponíveis dentro da melhor realidade de cada
ambiente”, explica o diretor do MEC. O UCA começou a ser pensado em 2005, mas
demorou a sair do papel, e as máquinas só chegaram aos estudantes em 2009.
Os primeiros computadores foram
distribuídos pelo MEC para alguns municípios e na segunda fase as próprias
prefeituras adquiriram os aparelhos por meio de um edital organizado pelo
governo que reduziu os custos. O governo ainda não decidiu se irá comprar parte
dos tablets com recursos próprios e distribuir para as redes de ensino
consideradas prioritários pelo baixo desempenho nas avaliações, como ocorreu
com o UCA. Mas o edital para que as prefeituras e os governos estaduais possam
comprar os equipamentos se tiverem interesse já está sendo produzido.
Às vésperas da chegada de uma nova
tecnologia nas salas de aula das escolas brasileiras, ainda não há uma avaliação
oficial dos resultados alcançados pelo UCA em termos de melhoria da qualidade
do aprendizado. A percepção nas redes de ensino é que o equipamento desperta
grande interesse nos alunos e dá mais motivação, diz Gotti.
“A Universidade Federal do Ceará (UFC)
está fazendo esse trabalho de avaliação do UCA, mas não há resultados ainda
porque faz pouco tempo que os laptops estão em uso. Mas em geral tem-se
constatado que há muito interesse por parte dos alunos no uso do computador em
sala de aula que foge daquele modelo tradicional do laboratório de informática.
Ele traz um ganho em termos de curiosidade desse aluno que pode pesquisar e
entender melhor os conteúdos”, explica.
Neste ano, o MEC divulga o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011, indicador que mede a
qualidade do ensino oferecido pelas escolas do país e é calculado a cada dois
anos. Com esses dados será possível comparar se houve melhoria no desempenho
das escolas que receberam os laptops entre 2009 e 2011.

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