Do G1 SP
imagem: veja.abril.com.br |
A juíza que comandou o julgamento de Lindemberg Alves falou pela primeira vez
neste sábado (18). Milena Dias explicou por que não reagiu imediatamente a uma
ofensa da advogada de defesa de Lindemberg, Ana Lúcia Assad.
Durante
quatro dias, a atenção de todo o país esteve voltada para Milene Dias. A juíza
foi quem condenou Lindemberg Alves a 98 anos e 10 meses de prisão, em um dos
julgamentos mais longos da história de São Paulo. "Foi um júri exaustivo,
sim, desgastante fisicamente pelo tempo que durou", disse.
A juíza,
de 38 anos, presidiu mais de 500 julgamentos em 13 anos de magistratura.
Durante o júri, a advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, disse à juíza que
ela precisava voltar a estudar. Milena Dias disse que não reagiu à ofensa
porque os jurados precisavam de um ambiente de serenidade para julgar o futuro
do réu.
“Foi isso que me motivou o julgamento inteiro
e que me fez tomar a decisão em relação ao ataque à minha honra e ao Poder
Judiciário no momento adequado, ou seja, após a conclusão do julgamento”,
esclareceu.
Milena Dias
já pediu ao Ministério Público para investigar a conduta da advogada Ana Lúcia
Assad e disse que a pena de Linedemberg foi adequada aos crimes que ele
cometeu.
"Ela
atendeu aos anseios da sociedade, ali, naquele momento, representada pelos sete
jurados que integraram o conselho de sentença", completou.
Anulação
A promotora Daniela Hashimoto, que participou do julgamento que condenou Lindemberg Alves a 98 anos e 10 meses de prisão, afirmou nesta sexta-feira (17) ao G1 que não acredita na anulação do júri que terminou na noite de quinta (16). A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, anunciou logo após a leitura da sentença que pedirá a anulação do julgamento.
A promotora Daniela Hashimoto, que participou do julgamento que condenou Lindemberg Alves a 98 anos e 10 meses de prisão, afirmou nesta sexta-feira (17) ao G1 que não acredita na anulação do júri que terminou na noite de quinta (16). A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, anunciou logo após a leitura da sentença que pedirá a anulação do julgamento.
“Durante
os quatro dias de julgamento, ela [Ana Lúcia Assad] fez diversos requerimentos,
procurando eventualmente cavar ou alegar depois uma nulidade. Não teve nenhuma
irregularidade. Muito pelo contrário, todo mundo viu tudo que foi resguardado.
Então, no meu entendimento, acredito que não haverá anulação”, declarou Daniela
Hashimoto.
Ana Lúcia
Assad tem cinco dias para entrar com o pedido de nulidade no Tribunal de
Justiça. Depois, ela terá oito dias para apresentar os fundamentos do recurso.
A decisão de anular ou não o júri caberá aos desembargadores do tribunal.
Condenação
Apesar da pena de quase 100 anos de reclusão, a legislação brasileira determina que uma pessoa condenada só cumpra até 30 anos em regime fechado. De acordo com a promotora, a redução da pena na prática não lhe causa nenhuma frustração.
Apesar da pena de quase 100 anos de reclusão, a legislação brasileira determina que uma pessoa condenada só cumpra até 30 anos em regime fechado. De acordo com a promotora, a redução da pena na prática não lhe causa nenhuma frustração.
"Para
mim, não era tão importante o quanto da pena, mas que ele fosse condenado. O
promotor de justiça aplica a lei. Se a lei estabelece que são 30 anos no
máximo, são 30 anos que ele vai ficar preso. Mas acho que o efeito maior não é
tanto da pena, mas sim da condenação. De que foi condenado, de que a sociedade
deu essa resposta, de que não pode tirar a vida de uma pessoa, não pode ter
essa conduta", comentou a promotora nesta sexta (17).
"Quando
eu analisei o processo, eu sempre tive convicção absoluta que ele fez tudo o
que acabou sendo condenado, do que era acusado. É claro que a gente não tem
como ter absoluta certeza do resultado porque cabe a sete cidadãos. A minha
preocupação, o que eu sempre pedi internamente era que eu tivesse clareza para
conseguir passar a mesma convicção que eu tive para os jurados", disse
Daniela.
Novo
processo
Na quinta (16), Daniela Hashimoto havia informado que Lindemberg deverá responder a um novo processo, dessa vez por porte ilegal de arma. De acordo com ela, peças do processo do caso Eloá serão encaminhadas ao Ministério Público para que outro promotor avalie a possibilidade de instaurar um novo procedimento que apure a responsabilidade de Lindemberg por ter adquirido um revólver calibre 32 sem autorização para isso.
Na quinta (16), Daniela Hashimoto havia informado que Lindemberg deverá responder a um novo processo, dessa vez por porte ilegal de arma. De acordo com ela, peças do processo do caso Eloá serão encaminhadas ao Ministério Público para que outro promotor avalie a possibilidade de instaurar um novo procedimento que apure a responsabilidade de Lindemberg por ter adquirido um revólver calibre 32 sem autorização para isso.
Até a
manhã desta sexta (17), não havia um posicionamento da Promotoria se o novo caso
será levado adiante.
“Como ele não tinha falado ainda, a gente não sabia da onde que era essa arma.
Então no interrogatório ele acabou reconhecendo que ele já tinha comprado essa
arma 20 dias antes e andava com essa arma supostamente para todos os lugares”,
disse a promotora.
O caso vai
ser encaminhado para o promotor de justiça local, segundo Daniela. “Na verdade,
não é questão de mudar a pena. Iria crescer mais três, quatro anos nesse total
dos 98 anos. Mas o importante é que se praticou um crime, vai ter responder
também.”
Em seu
depoimento à Justiça no Fórum de Santo André, o condenado chegou a afirmar que
pagou R$ 700 para comprar o revólver de um homem num parque.
Segundo a
promotora, essa arma foi usada para matar Eloá, e tentar assassinar Nayara
Rodrigues e o policial militar Atos Valeriano. Também foi utilizada para manter
reféns em cárcere privado Eloá, Nayara, Iago Vilera e Victor Campos no
apartamento da vítima fatal num conjunto habitacional popular. O mesmo revólver
ainda serviu para fazer disparos durante o sequestro, há três anos, entre os
dias 13 a 17 de outubro.
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