Do iG Economia
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"Se
tiver de escolher entre ser comandante ou mãe, prefiro ser comandante",
diz Karina Buchalla. Apaixonada por aviação desde criança, Karina Buchalla
sempre soube que queria viver nas alturas. Mas para chegar a ser comandante em
uma grande companhia aérea, foi necessária boa dose de perseverança. Aos 32
anos, Karina conta que teve de vencer preconceitos no início de sua carreira
para conquistar seu espaço na aviação.
“Já
sofri muito preconceito em companhias menores. Demorei muito para conseguir
emprego, trabalhava de graça em aviações pequenas porque ninguém queria me dar
emprego”, diz Karina. “Algumas empresas menores não aceitavam mulheres com medo
de que poderiam engravidar, por exemplo.”
Mas
desistir não estava nos planos de Karina, que cresceu admirando a profissão do
pai, hoje um comandante aposentado. “Desde pequena sempre me senti melhor
dentro de avião que em qualquer outro lugar. Sabia que era isso que eu queria”,
conta.
Ela
começou na aviação quando tinha 16 anos, voando em aviões particulares e taxi
aéreo. Já sua carreira comercial foi construída na TAM, empresa onde atua há
quase dois anos como comandante em voos nacionais. Ao todo, Karina tem quase
oito anos de TAM.
“Nunca
tive nenhum caso de preconceito na TAM”, diz a comandante. “Às vezes você sente
que é um pouco mais observada pelos próprios colegas por ser mulher”, afirma.
“Mas sempre fui muito bem recebida, voei com muitos comandantes experientes que
me ensinaram muita coisa. Depende da cabeça de cada um.”
Dos
passageiros, ela conta que recebe mais elogios que críticas. “A maioria sai me
cumprimentando. Alguns confessam no fim do voo: ‘entrei no avião com medo, mas
gostei. Voo com mulher é mais cuidadoso’”, diz.
“Fico
muito satisfeita quando o passageiro sai feliz da vida. O piloto é vaidoso, a
gente gosta de fazer o melhor sempre. Um pouso suave faz bem para o ego”, conta
a comandante. Karina diz que nunca teve problema mais sério em voo, apenas
alguns incidentes como turbulências mais fortes.
Pelo Brasil e pelo mundo
Antes
de ser promovida a comandante, Karina foi copilota em voos nacionais e
internacionais da companhia e voou Fokker-100, que tinha capacidade para 108
pessoas, além de Airbus modelos 319 (144 assentos), 320 (até 174 assentos) e
330 (até 213 assentos).
Enquanto
era copilota de voos internacionais, Karina fez faculdade de aviação civil na
Academia de Serviços da TAM, que oferece o curso em parceria com uma
universidade. “A vida na internacional é um pouco mais tranquila, nessa época
tinha uma vida mais social”, diz.
Como
o piloto pode voar no máximo 85 horas por mês, ela conta que cerca de três
viagens internacionais de ida e volta para Paris, por exemplo, já são
suficientes para ficar próximo do limite. “Você tem um intervalo um pouco maior
entre um voo e outro”, conta Karina.
De
volta aos voos nacionais, agora como comandante, é preciso um pouco mais de
jogo de cintura para conciliar vida pessoal com o trabalho. “Como as etapas são
curtas, é mais cansativo. Você fica em geral seis dias voando de norte a sul do
País, de Foz do Iguaçu a Manaus”, conta. Além disso, também é preciso dedicar
tempo a cursos de aperfeiçoamento e exames.
Descanso e vida em família
O
segredo para conseguir cumprir com as exigências da profissão, segundo Karina,
é equilibrar bem as atividades. “Priorizo o descanso, alimentação adequada e
procuro fazer academia, para estar com a saúde em dia e também para
desestressar”, diz. “Pilotar é uma responsabilidade grande e por isso temos de
estar bem descansados”, afirma. “Por isso também voamos sempre em dois,
comandante e copiloto.”
Com
uma profissão que exige tanta dedicação, Karina conta que ainda pensa como vai
fazer para ter filhos. “Tem que ser uma coisa muito estruturada e planejada”,
diz. “Eu não quero largar a carreira, de maneira nenhuma, sempre esteve em
primeiro lugar. Se eu tiver de escolher entre ser comandante ou ser mãe,
prefiro ser comandante”, afirma Karina, recém-casada com um comandante da TAM.
Nas
conversas em família, é impossível escapar dos temas ligados à aviação. Além do
pai e do marido, o irmão mais velho de Karina trabalha como copiloto. “Minha
mãe já acostumou, não tem jeito. É muito gostoso, porque hoje a baixinha é toda
orgulhosa de mim.”
2 comentários:
uma mulher dessas não é exemplo para nada. ser mãe é tudo :produz vida!
e ser comandante só satisfaz o ego!
Esta mulher é um eemplo de garra, superação e força de vontade neste ramo machista
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