(Fotos: Katherine Coutinho/G1)
A Igreja do Carmo, em Olinda, foi
devolvida aos cuidados da Ordem Terceira do Carmo na noite deste sábado (4). O
templo estava sob a responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico
Nacional (Iphan) e fechado durante 17 anos para reforma. A cerimônia contou com
a presença dos carmelitas, de representantes da prefeitura, do Iphan e pessoas
que participaram e contribuíram de alguma forma para a reforma da igreja, que é
a primeira carmelita das Américas, construída em 1580.
A entrega foi marcada pela
assinatura do documento transferindo a posse. O padre Fernando Milan, prior
geral dos carmelitas, veio da Itália para participar da cerimônia. Ele trouxe
também os ossos dos santos que participam do ato de rededicação da Igreja neste
domingo (5), cerimônia em que a igreja se torna novamente local de culto.
Tendo acompanhado de perto a
reforma, Frei Francisco Salles foi também o mestre de cerimônias da noite.
"É uma emoção muito grande poder estar aqui hoje e ver como ficou a
Igreja, esse é o resgate da nossa história, dos carmelitas", afirma
Salles, que destaca o altar do Santíssimo Sacramento como um dos grandes
desafios vencidos. "Ele estava caído, desmontado há mais de quarenta
anos", lembra o religioso.
A restauração do altar destacada
pelo frei foi um verdadeiro quebra-cabeça, segundo o superintendente do Iphan
em Pernambuco, Frederico Almeida. "Nós tivemos um dilema quanto
encontramos as pinturas do século 17, que ficavam por trás do altar. Acabamos
por trazer o altar dourado, mas vamos montar um painel para mostrar como foi
esse altar antes, a pintura que está escondida e aparece pelas frestas",
adianta Almeida.
As pinturas originais da igreja
podem ser conferidas em diferentes pontos do templo, como sobre o altar-mor.
"Tivemos muitas descobertas arqueológicas importantíssimas aqui.
É um
prazer poder reabrir esse templo novamente para o público. Uma igreja tão
imponente como esta sofria por ficar fechada, não tenha dúvidas", acredita
a secretária de Patrimônio e Cultura de Olinda, Márcia Souto.
O altar todo de pedra logo na
entrada da Igreja do Carmo é uma das relíquias resgatadas também pela reforma.
"Nós acreditamos que ele possa ser o altar original da ermida [pequena
igreja] que existia aqui, mas ainda não temos as provas necessárias", conta
Almeida.
Desafios
Foram 17 anos e um orçamento de
R$ 7.132.626,45, sendo R$ 4.853.083,00 do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan), R$ 1.905.099,14 do BNDES, R$ 189.422,55 da
Prefeitura de Olinda e R$ 185.021,49 do Ministério da Cultura, por meio do
Programa Monumenta. O valor pode parecer muito, mas os trabalhos também foram.
O projeto de restauro começou com
a estabilização da colina onde está assentada a igreja. “Foi um trabalho árduo.
Fincamos143 estacas aqui em 1995 e esse foi só o começo do trabalho. Buscamos
entender como foi feita a construção do templo, encontramos as fundações
originais do convento e as preservamos. É toda um história arqueológica contada
aqui", afirma o superintendente do Iphan.
O Instituto Gilberto Freyre foi
um dos parceiros na reforma. A presidente, Sônia Freyre, participou também da
cerimônia e se mostrou encantada com a reforma. "Ficou uma beleza",
definiu Sônia. A deputada federal e ex-prefeita de Olinda, Luciana Santos,
também compareceu e contou sobre as dificuldades para que o projeto andasse.
"A cada etapa, eram mais novidades e mais descobertas arqueológicas, o que
demanda tempo e gastos. As pessoas não compreendem que esses trabalhos precisam
de tempo para se executados", lembra Luciana.
Os horários para visitação ainda
não foram definidos. "Ainda vamos publicar, estamos acertando mais alguns
detalhes e depois a ordem vai informar, mas acredito que o público vá poder ver
já nas próximas semanas", adianta Frei Salles. O convento da Igreja também
foi restaurado e vai voltar a receber religioso.
Do G1 PE





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