Cientistas criaram em
laboratório um tipo de mosquito Aedes aegypti que não transmite o vírus da
dengue. O resultado da pesquisa, liderada pela Universidade de Monash, na
Austrália, e feita em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, está sendo
apresentada no 18º Congresso Internacional de Medicina Tropical, no Rio de
Janeiro. Os pesquisadores introduziram no Aedes aegypti a bactéria Wolbachia,
presente em 70% dos insetos do mundo. Essa bactéria atua como uma espécie de
vacina para o mosquito e bloqueia a multiplicação do vírus dentro do inseto.
Desta forma, o mosquito não transmite mais a dengue.
A colônia de Aedes aegypti
com Wolbachia é criada em laboratório. Depois , os insetos são liberados na
natureza. Livres, eles se reproduzem com mosquitos locais e a bactéria é
transmitida de mãe para filho pelos ovos. Além de bloquear a transmissão do
vírus da dengue, a bactéria também tem efeito sobre a capacidade de reprodução.
As fêmeas com Wolbachia sempre geram filhotes com a bactéria - independente da
situação do macho. No entanto, os óvulos fertilizados das fêmeas sem Wolbachia,
que se acasalam com machos que tenham a bactéria, morrem.
Por conta disso, mesmo que
uma pequena população de insetos com a bactéria seja introduzida na natureza,
rapidamente esse tipo de mosquito se torna maioria. Foi o que aconteceu nas
localidades de Yorkeys Knob e Gordonvale, em Cairns, na Austrália. Apenas cinco
semanas depois da liberação dos mosquitos com a bactéria, em janeiro de 2011, a presença de insetos
com Wolbachia alcançou 100% em
Yorkeys Knob e 90% em Gordonvale.
Os especialistas se referem
ao estudo como “potencial tecnologia autossustentável”, uma vez que a
transmissão da bactéria é garantida no processo reprodutivo do mosquito,
dispensando os custos de soltura continuada no ambiente. No Brasil, o projeto
está na primeira fase. Os cientistas estão fazendo, em laboratório, a
manutenção de colônias dos mosquitos com Wolbachia e o cruzamento com Aedes
aegypti de populações brasileiras. O projeto “Eliminar a Dengue: Desafio
Brasil” conta com financiamento da Fiocruz, Ministério da Saúde (Secretaria de
Vigilância em Saúde e Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos) e Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação (CNPq).
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