Do
G1 PE
Começou
ontem segunda-feira (1°) o terceiro Congresso IMIP de Saúde Integral e o quinto
Congresso IMIP de Saúde da Mulher e da Criança, no Centro de Convenções, em
Olinda. Até quinta-feira (4), o evento reunirá especialistas nacionais e
internacionais em diversas áreas da saúde, além de residentes e estudantes,
para discutir a assistência médica. A ideia é fornecer caminhos para uma
otimização aos cuidados dos pacientes.
Entre
os palestrantes, está o ginecologista pernambucano Felipe Lorenzato, que vai
falar sobre HPV, doença sexualmente transmissível causada pelo papilomavírus
humano. Dos mais de cem tipos do papilomavírus humano identificados, cerca de
15 causam câncer de colo uterino - o colo é a parte inferior do útero que o
conecta à vagina. A taxa de incidência deste câncer no Recife já foi a maior do
mundo, no ano de 1997, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) - eram 83,2
novos casos por 100 mil mulheres por ano. Não há dados atualizados sobre esse
índice.
Entre
os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de colo de
útero em mulheres recifenses foram ter infecção por HPV oncogênico, ter
engravidado em idade precoce (média de 19 anos), ter tido quatro ou mais partos
normais e morar em áreas rurais, onde o acesso à assistência médica
especializada pode não ser muito fácil.
Envolvido
em pesquisas sobre este tipo de câncer, Lorenzato informou que, em 2011, a
média de idade das mulheres diagnosticadas com câncer de colo uterino no Recife
foi de 47 anos, sendo que a mais nova tinha idade de 16 anos e a com maior
idade de 78 anos. Dentre elas, 47% foram diagnosticadas já com a doença em
estágio avançado.
"O
problema é que muitos leitos de ginecologia em hospitais públicos brasileiros
estão ocupados por mulheres com o câncer em estado avançado, quando a doença
poderia ter sido evitada por meio da prevenção. Sabe-se que muitas ainda não
têm acesso ao sistema público de saúde e, atualmente, não há nenhuma evidência
de que a mortalidade por essa doença esteja diminuindo no Brasil, ou seja, o
que está sendo feito não está tendo impacto", disse o médico.
Lorenzato
alerta, ainda, sobre o subregistro por classificação não específica. Isto é,
tem mais mulher morrendo no Recife por este tipo de câncer do que é
oficialmente conhecido. A causa está no atestado de óbito, que apenas informa
que a mulher morreu de câncer no útero, mas não informa se foi no colo ou no corpo
do útero. Ele explica que há diferença. "O de colo tem como uma das causas
a infecção persistente por HPV oncogênico e é um dos poucos tipos de câncer que
pode ser prevenido. O outro se dá por fator hormonal." Uma pesquisa
orientada pelo médico, usando dados da Fundação de Saúde Amaury de Medeiros
(Fusam), no Recife, revelou que 70% das vítimas faleceram devido ao câncer de
colo uterino.
No
Brasil, a estratégia de rastreamento recomendada pelo Ministério da Saúde é o
exame citopatológico, mais conhecido como exame de papanicolau,
prioritariamente em mulheres de 25 a 64 anos. Todas as unidades básicas de
saúde, como postos municipais, oferecem esse serviço de graça.
Mas
o especialista defende que a melhor forma de prevenção é vacinação em massa.
"O custo efetividade compensa mais, já que muitas mulheres ainda não têm
acesso a esse exame. A vacina foi registrada no Brasil em 2007, mas só está
disponível no mercado privado. Na América Latina, Peru, Panamá e Argentina, por
exemplo, já oferecem no sistema público de saúde", disse.
Hoje,
no Brasil, a média é de 18 mil casos detectados por ano. Segundo o Inca, todo
dia morre uma mulher no País por conta do câncer de colo de útero. Em 2008, a
OMS informou que até 2025 deve haver um aumento de 87% na taxa de novos casos
no Brasil.
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