quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

HÁ 77 ANOS, MARTHA DE HOLLANDA FAZ CRÍTICA LITERÁRIA

Martha de Hollanda

DOMINGUEZ ALVAREZ

Dominguez Alvarez- O bizarro artista de Galiza, mandou-me a sua alma!... A alma do CEO, da luz e dos castelos que recebem, do alto, o beijo nervoso das ventanias.

Em linda aguarella elle sorriu, na alegria das cores e choron na emoção da arte, plasmando um pedaço de sua terra-aquella formasa região da Hespanha... da Hespanha que não esqueceu, ainda, a passagem dos mouros e a lembrança do reinado de Isabel e Fernando.

A arte que escreveu a sua historia pela mão de Miguel Angelo, na basílica de São Pedro, em Roma, viveu na retina parada de Leonardo de Vinci e fez Rembrant chorar a morte de Saskiá – seu único modelo revive, na sensibilidade e no sangue de Dominguez Alvarez, como um magnífico painel, na festa da hora que passa.

O pincel de Dominguez Alvarez acaba de passar para a tela a sumptuosa cathedral de Santiago de Compostella e, si houvesse nascido nas montanhas de Cadore, haveria pintado, com a mesma tristeza de Ticiano, O ENTERRO DE CHRISTO.

A alma deste artista galego parece viver debruçada sobre si mesmo, olhando a miragem evocativa das idades. Talvez seja a alma daquelle artistas ignorados que deixaram toda a belleza dos seus sonhos entre o doirado e a púrpura das estufas celebres que conduziam o esplendor de Isabel de Saboia, de Maria Sofia de Neubourgo,de Mariana Victoria, pelas ruas pomposas de Portugal.

Alverez deixa na impeccavel perspectiva de seus quadros todo o veneno emocional de uma raça de sonhadores e artistas que ainda vê, na volúpia das cores e da technica, o subline myterio do bello e do grandioso em busca do natural e do perfeito.

As cores bailam, na sua palheta, em meneios admiráveis de gambiancias, enquanto sua sensibilidade angustiada se espalha na tela com arrojos e lampejos que reflectem um estado de alma insaciado voando pelo ether imponderável da creação.

Há um mundo de harmonias mudas e ternas nos seus voos contemplativos!... É que a centelha azul do pintor brilha, revelando-se na minudencia dos contornos e na psychologia do ambiente.

O pintor deve ter um profunda penetração psychologica de tudo, onde deve buscar o supremo motivo de suas concepções.
E eu deixo, assim, Dominguez Alvarez subir pelas escadarias de oiro da arte para a proclamação de sua gloria nas galerias das gerações futuras.

MARTHA DE HOLLANDA.

Fonte: Jornal Pequeno, 31 de Janeiro de 1936.

Postado por Johnny Retamero

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