Martha de Hollanda |
DOMINGUEZ ALVAREZ
Dominguez Alvarez- O bizarro artista de Galiza, mandou-me a
sua alma!... A alma do CEO, da luz e dos castelos que recebem, do alto, o beijo
nervoso das ventanias.
Em linda aguarella elle sorriu, na alegria das cores e
choron na emoção da arte, plasmando um pedaço de sua terra-aquella formasa
região da Hespanha... da Hespanha que não esqueceu, ainda, a passagem dos
mouros e a lembrança do reinado de Isabel e Fernando.
A arte que escreveu a sua historia pela mão de Miguel
Angelo, na basílica de São Pedro, em Roma, viveu na retina parada de Leonardo
de Vinci e fez Rembrant chorar a morte de Saskiá – seu único modelo revive, na
sensibilidade e no sangue de Dominguez Alvarez, como um magnífico painel, na
festa da hora que passa.
O pincel de Dominguez Alvarez acaba de passar para a tela a
sumptuosa cathedral de Santiago de Compostella e, si houvesse nascido nas
montanhas de Cadore, haveria pintado, com a mesma tristeza de Ticiano, O
ENTERRO DE CHRISTO.
A alma deste artista galego parece viver debruçada sobre si
mesmo, olhando a miragem evocativa das idades. Talvez seja a alma daquelle
artistas ignorados que deixaram toda a belleza dos seus sonhos entre o doirado
e a púrpura das estufas celebres que conduziam o esplendor de Isabel de Saboia,
de Maria Sofia de Neubourgo,de Mariana Victoria, pelas ruas pomposas de
Portugal.
Alverez deixa na impeccavel perspectiva de seus quadros todo
o veneno emocional de uma raça de sonhadores e artistas que ainda vê, na
volúpia das cores e da technica, o subline myterio do bello e do grandioso em
busca do natural e do perfeito.
As cores bailam, na sua palheta, em meneios admiráveis de
gambiancias, enquanto sua sensibilidade angustiada se espalha na tela com
arrojos e lampejos que reflectem um estado de alma insaciado voando pelo ether
imponderável da creação.
Há um mundo de harmonias mudas e ternas nos seus voos
contemplativos!... É que a centelha azul do pintor brilha, revelando-se na
minudencia dos contornos e na psychologia do ambiente.
O pintor deve ter um profunda penetração psychologica de
tudo, onde deve buscar o supremo motivo de suas concepções.
E eu deixo, assim, Dominguez Alvarez subir pelas escadarias
de oiro da arte para a proclamação de sua gloria nas galerias das gerações
futuras.
MARTHA DE HOLLANDA.
Fonte: Jornal Pequeno, 31 de Janeiro de 1936.
Postado por Johnny Retamero
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