A pequena cidade de Nazaré paulista 68 km distante do centro do centro de São Paulo teria tudo para passar
despercebida no cenário de pequenas cidades do interior paulista a não ser pelo
fato se seu vice prefeito eleito querer tomar posse no interior do Centro de
Detenção Provisória de Pinheiros, pois o mesmo está preso desde novembro de
2012.
Preso após a Operação Durkheim da
Polícia Federal, Itamar Damião (PSC), quer transformar o cadeião no palco de
sua posse.
Impedido de comparecer à
solenidade em que assumiria o cargo no dia 1º de janeiro, ele pediu ao
presidente da Câmara Municipal que envie um representante ao Cadeião para
colher sua assinatura no livro oficial. O ofício enviado pede também que o
servidor destacado "realize as demais solenidades que a liturgia do cargo
estabelece".
A população e os vereadores da
oposição ao prefeito da cidade de 16 mil habitantes a 64 km de São Paulo protestam
contra o pedido, que dizem considerar uma "falta de caráter".
QUADRILHA
Damião é suspeito de ser um dos líderes de uma
quadrilha que quebrou e comercializou dados sigilosos de juízes, políticos e
empresários.
Deflagrada há dois meses, a
operação que desmontou o grupo recebeu esse nome em alusão à obra "O
Suicídio", de Émile Durkheim, por ter tido início após delação de um
policial que teria se suicidado. No total, 33 pessoas foram presas na ação.
Entre os políticos que tiveram o
sigilo violado está o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD). Em carta
aos seus antigos advogados, Damião disse ter feito a quebra a pedido do próprio
prefeito.
A Polícia Federal suspeita também
que o grupo tenha montado um esquema para ganhar dinheiro em licitações e
precatórios (dívidas de órgãos da administração reconhecidas pela Justiça).
ADIAMENTO DA POSSE
Além do pedido, um dos defensores
de Damião, o advogado Antonio Celso Galdino Fraga, diz que foi solicitada à
Justiça e à Câmara a suspensão do prazo, vencido ontem, para que ele tome posse,
a legislação de Nazaré Paulista dá um prazo de dez dias para que os eleitos
sejam empossados caso não assumam no dia 1º de janeiro "por motivo de
força maior".
O defensor lembra que Damião foi
diplomado pela Justiça Eleitoral e diz que não haveria impedimento para que ele
ocupasse o cargo enquanto está provisoriamente preso, já que o prefeito
continua no exercício do mandato.
Fraga diz acreditar também que,
caso o pedido para que um representante da Câmara vá até o Cadeião não seja
aceito pela Casa, é possível que seja encontrada uma solução alternativa, como
uma autorização da Justiça para que ele seja escoltado até a Câmara, onde
aconteceria a cerimônia de posse.
Da redação com informações de sites locais
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