segunda-feira, 18 de março de 2013

Blog do Magno: Coluna da segunda-feira

A caminho do rompimento?

Falando a um grupo de empresários paulistas, sexta-feira passada, em São Paulo, o governador Eduardo Campos (PSB) provocou a ira do Governo quando afirmou que “dá para fazer muito mais do que a presidente Dilma vem fazendo”, caso estivesse no comando da Presidência da República.

Pré-candidato ao Planalto, Eduardo provocou também o PT e o ex-presidente Lula. “O Brasil não começou ontem. Não começou com o partido A, B ou C”, disse. Numa referência explícita ao ex-presidente Lula, que lançou Dilma à reeleição, afirmou: “Um debate maniqueísta, eu sou o bem, você é o mal”.

Em seguida, para uma atenta plateia formada pela fina flor do PIB nacional, entre os quais Ricardo Steinbruch, do Grupo Vicunha; Azuri Safra e José Olympio, do Credit Suisse, e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, deu a fórmula para fazer melhor do que Dilma:

“Dá para ser melhor. E não é uma ofensa para quem está aí você dizer que dá para fazer melhor. Nós queremos mais. E que bom que queremos mais, né? Isso deveria desafiar as pessoas a fazer, a quebrar o velho costume e afirmar novos valores”.

E acrescentou: “Dá para fazer muito mais. E isso não vai ser feito se a gente não renovar a política. O pacto político que hoje está no centro do governo que eu defendo, que ajudei a eleger, a meu ver, não terá a condição de fazer esse passo adiante. Não vai fazer”.

Para ira do Planalto, Eduardo foi mais além: “O Governo, além de tudo, às vezes não dialoga. A solução é falar com o Governo pela Imprensa. Não quer me receber? Você pode tuitar. Eu, por exemplo, tive a oportunidade de dar a minha opinião sobre a MP dos Portos pela Imprensa, porque não tive a oportunidade de discutir (com Dilma) antes. Apesar de o meu Estado ter o porto mais eficiente do País. Eu podia até ser convencido de que estava certo. Mas não custava nada ouvir a mim e a outros”.

O desabafo do governador, interpretado por assessores de Dilma, ela própria e Lula como um grito de independência e pré-rompimento, foi na casa do empresário Flávio Rocha, da Riachuelo. E ainda tem gente que acha que Eduardo não é candidato!

REAÇÃO IMEDIATA– Os petardos do governador acima, vale a ressalva, renderam a manchete de primeira página do jornal Folha de São Paulo de sábado passado, com direito a reprodução da sua palestra na íntegra no espaço total da coluna da jornalista Mônica Bergamo. No dia seguinte, ao dar posse aos novos ministros, a presidente mandou um recado cifrado ao governador, ao reclamar da falta de lealdade com quem se governa, no caso o PSB.


O troco -  

O que corre nos bastidores de Brasília, diante dos recados de Eduardo, cada vez mais evidentes, de que está na disputa presidencial: Fernando Bezerra, da Integração, seria mantido no cargo porque estaria a caminho do PT, enquanto João Bosco, presidente da Chesf, seria detonado.

Força estadual - Presidente da Comissão de Minas e Energia na Câmara, o deputado Eduardo da Fonte (PP) ganha mais força e espaço no plano nacional. O comando do partido sai das mãos do senador Francisco Dornelles (RJ) para o senador Ciro Nogueira (PI), amicíssimo de Da Fonte. Quem se fragiliza no Estado é o grupo do ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcanti.

Tribuna trabalhista - Cada vez mais próximo do governador, de quem pode receber apoio para disputar o Governo do Estado em 2014, o senador Armando Monteiro mobilizou todos os senadores trabalhistas e de outros partidos, como o PR, PSC e PPL, para um encontro amanhã, em Brasília, com o líder socialista. Na ocasião, Eduardo reafirmará sua condição de pré-candidato ao Planalto.

Palha de bananeira - O secretário de Agricultura, Ranilson Ramos, já trabalha com a possibilidade de recorrer ao miolo e à palha de bananeira para socorrer os pecuaristas em dificuldades na manutenção do rebanho bovino devido ao prolongamento da seca. O gado do Agreste está sendo alimentado com palha de cana da Zona da Mata e os animais do Sertão com milho.


CURTAS

CONTA CARA– Ranilson diz que recorre a todo tido de artifício porque se o Estado fosse socorrer os criadores de gado com uma linha de crédito de R$ 10 mil, por exemplo, teria que desembolsar R$ 1 bilhão, recursos que o Estado não tem disponibilidade hoje e que, segundo ele, não seria suficiente para salvar a totalidade do rebanho.

MAIS UM ANO DE SECA – Na próxima quarta-feira, Recife sedia um encontro nacional para discutir as previsões de chuvas para este ano. Estarão presentes representantes dos serviços de meteorologia dos 27 Estados da Federação. As notícias são as piores possíveis.

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