A caminho do rompimento?
O troco -
Falando a um grupo de empresários
paulistas, sexta-feira passada, em São Paulo, o governador Eduardo Campos (PSB)
provocou a ira do Governo quando afirmou que “dá para fazer muito mais do que a
presidente Dilma vem fazendo”, caso estivesse no comando da Presidência da
República.
Pré-candidato ao Planalto,
Eduardo provocou também o PT e o ex-presidente Lula. “O Brasil não começou
ontem. Não começou com o partido A, B ou C”, disse. Numa referência explícita
ao ex-presidente Lula, que lançou Dilma à reeleição, afirmou: “Um debate
maniqueísta, eu sou o bem, você é o mal”.
Em seguida, para uma atenta
plateia formada pela fina flor do PIB nacional, entre os quais Ricardo
Steinbruch, do Grupo Vicunha; Azuri Safra e José Olympio, do Credit Suisse, e o
presidente da Fiesp, Paulo Skaf, deu a fórmula para fazer melhor do que Dilma:
“Dá para ser melhor. E não é uma
ofensa para quem está aí você dizer que dá para fazer melhor. Nós queremos
mais. E que bom que queremos mais, né? Isso deveria desafiar as pessoas a
fazer, a quebrar o velho costume e afirmar novos valores”.
E acrescentou: “Dá para fazer
muito mais. E isso não vai ser feito se a gente não renovar a política. O pacto
político que hoje está no centro do governo que eu defendo, que ajudei a
eleger, a meu ver, não terá a condição de fazer esse passo adiante. Não vai
fazer”.
Para ira do Planalto, Eduardo foi
mais além: “O Governo, além de tudo, às vezes não dialoga. A solução é falar
com o Governo pela Imprensa. Não quer me receber? Você pode tuitar. Eu, por
exemplo, tive a oportunidade de dar a minha opinião sobre a MP dos Portos pela
Imprensa, porque não tive a oportunidade de discutir (com Dilma) antes. Apesar
de o meu Estado ter o porto mais eficiente do País. Eu podia até ser convencido
de que estava certo. Mas não custava nada ouvir a mim e a outros”.
O desabafo do governador,
interpretado por assessores de Dilma, ela própria e Lula como um grito de
independência e pré-rompimento, foi na casa do empresário Flávio Rocha, da
Riachuelo. E ainda tem gente que acha que Eduardo não é candidato!
REAÇÃO IMEDIATA– Os petardos do governador acima, vale a ressalva,
renderam a manchete de primeira página do jornal Folha de São Paulo de sábado
passado, com direito a reprodução da sua palestra na íntegra no espaço total da
coluna da jornalista Mônica Bergamo. No dia seguinte, ao dar posse aos novos
ministros, a presidente mandou um recado cifrado ao governador, ao reclamar da
falta de lealdade com quem se governa, no caso o PSB.
O troco -
O que corre nos
bastidores de Brasília, diante dos recados de Eduardo, cada vez mais evidentes,
de que está na disputa presidencial: Fernando Bezerra, da Integração, seria
mantido no cargo porque estaria a caminho do PT, enquanto João Bosco,
presidente da Chesf, seria detonado.
Força estadual - Presidente da Comissão de Minas e Energia na
Câmara, o deputado Eduardo da Fonte (PP) ganha mais força e espaço no plano
nacional. O comando do partido sai das mãos do senador Francisco Dornelles (RJ)
para o senador Ciro Nogueira (PI), amicíssimo de Da Fonte. Quem se fragiliza no
Estado é o grupo do ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcanti.
Tribuna trabalhista - Cada vez mais próximo do governador, de quem
pode receber apoio para disputar o Governo do Estado em 2014, o senador Armando
Monteiro mobilizou todos os senadores trabalhistas e de outros partidos, como o
PR, PSC e PPL, para um encontro amanhã, em Brasília, com o líder socialista. Na
ocasião, Eduardo reafirmará sua condição de pré-candidato ao Planalto.
Palha de bananeira - O secretário de Agricultura, Ranilson Ramos,
já trabalha com a possibilidade de recorrer ao miolo e à palha de bananeira
para socorrer os pecuaristas em dificuldades na manutenção do rebanho bovino
devido ao prolongamento da seca. O gado do Agreste está sendo alimentado com
palha de cana da Zona da Mata e os animais do Sertão com milho.
CURTAS
CONTA CARA– Ranilson diz que recorre a todo tido de artifício
porque se o Estado fosse socorrer os criadores de gado com uma linha de crédito
de R$ 10 mil, por exemplo, teria que desembolsar R$ 1 bilhão, recursos que o
Estado não tem disponibilidade hoje e que, segundo ele, não seria suficiente
para salvar a totalidade do rebanho.
MAIS UM ANO DE SECA – Na próxima quarta-feira, Recife sedia um
encontro nacional para discutir as previsões de chuvas para este ano. Estarão
presentes representantes dos serviços de meteorologia dos 27 Estados da
Federação. As notícias são as piores possíveis.
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