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- Reuters
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A infanta
Cristina, filha do rei Juan Carlos, da Espanha, foi indiciada nesta
quarta-feira como cúmplice de seu marido na investigação de um suposto caso de
enriquecimento ilícito.
O juiz de
instrução José Castro intimou a princesa, de 47 anos, a prestar depoimento em
27 de abril, como parte de uma investigação iniciada há dois anos.
É a
primeira vez que um membro da família real é alvo de um procedimento criminal
desde que Juan Carlos voltou do exílio e assumiu o trono, após a morte do
caudilho Francisco Franco, na década de 1970.
Castro
disse haver indícios de que a infanta auxiliou de alguma forma as ações do seu
marido, Iñaki Urdangarin, já indiciado por fraude, evasão fiscal, falsificação
de documentos e apropriação de 6 milhões de euros em verbas públicas, na época
em que ele dirigia uma entidade beneficente.
"A lei
é a mesma para todos", disse o magistrado em um documento no qual explicou
a decisão. A frase ecoa as palavras do próprio rei em um pronunciamento de
Natal em 2011.
O caso
contribui para o sentimento de indignação popular contra os ricos e poderosos
na Espanha, que tem um dos piores índices de desemprego da Europa (26 por
cento) e passa por uma grave recessão.
Especialistas
em corrupção dizem que Castro parece estar se preparando para submeter
Urdangarin e Cristina a julgamento. A fase de instrução do processo deve
terminar dentro de poucos meses e seria seguido por mais alguns meses de espera
até o eventual julgamento.
A família
real disse, por meio de um porta-voz, que ficou surpresa com o indiciamento,
mas que tem "máximo respeito" pelas decisões judiciais.
Manuel
Villoria, especialista em corrupção e professor de ciências políticas na
Universidade Rei Juan Carlos, descreveu as acusações como
"devastadoras" para a família real.
"Ele
(Castro) está dizendo que a considera uma cúmplice, que (Urdangarin) não
poderia ter feito nada sem ela. Ela tinha conhecimento e não pôs um basta a
isso", afirmou Villoria.
A decisão
deve agravar a insatisfação popular com a família real, alimentando um debate
sobre se o rei, antes popular, deveria renunciar em prol do seu filho, o
príncipe Felipe.
O rei, de
75 anos, e sua mulher, a rainha Sofia, têm buscado se distanciar do escândalo
de corrupção. Urdangarin não tem participado de eventos da família real, e
fotos dele foram retirados do site oficial.
Num outro
caso que também motivou indignação popular, juízes formalizaram as acusações
contra três ex-tesoureiros do Partido Popular (governo) por crimes que incluem
pagamento de suborno, lavagem de dinheiro e evasão fiscal.
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