segunda-feira, 15 de julho de 2013

Cremepe denuncia falta de estrutura em maternidades do Estado

Foto: Edmar Melo/JC Imagem


Falta de material e equipamentos como respiradores e desfibrilador, Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) superlotadas, pacientes em macas improvisadas pelos corredores. De acordo com relatório do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), essa é a situação das três principais maternidades de Pernambuco: a dos hospitais Barão de Lucena e Agamenon Magalhães e do Instituto de Medicina Integral Professor Fernandes Figueira (Imip). O resultado da fiscalização realizada nas unidades nos dias 9, 11 e 12 de julho, respectivamente, foi apresentado na tarde desta segunda-feira (15).

A coletiva de imprensa, na sede do Cremepe, no bairro do Espinheiro, no Recife, contou com a presença dos presidente e vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto D'Avila e Carlos Vidal, do presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Mário Jorge, e da presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão. Além das denúncias sobre a situação das maternidades infantis do Estado, pauta incluiu as reivindicações nacionais da categoria, como maior investimento do Governo Federal no Sistema Único de Saúde (SUS), e críticas à Medida Provisória nº 621, relacionada com a contratação de médicos formados no exterior para trabalhar no Brasil.

"A situação das nossas maternidades já foi denunciada várias vezes pelo Cremepe. Se o quadro é ruim na capital, imagine no Interior do Estado. Queremos uma resposta do Governo e vamos levar este relatório para o Ministério Público", afirmou a presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão. Nas três unidades visitadas, foi constada a locação de pacientes nos corredores e superlotação na UTI e UCI (Unidade de Cuidados Intermediários).


De acordo com o Cremepe, na maternidade do Imip duas pacientes dividiam uma única maca, outras estavam acomodadas em cadeiras. Além disso, nove pessoas estavam internadas provisoriamente no setor de triagem, onde também faltava equipamento de desfibrilador. Foi constatada ainda falta médico na sala de recuperação de anestesia (SRPA). No Hospital Barão de Lucena, até os corredores do bloco cirúrgico estavam ocupados com macas, os quartos estavam superlotados e as camas muito próximas, dificultando a circulação. As paredes da sala de recuperação apresentam infiltrações e mofo. A situação é bem parecida no Agamenon Magalhães, com registro de fotos de vários pacientes em cadeiras aguardando acomodações.

"Sabemos que a maternidade do Centro de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) deve ser inaugurada pelo Estado em setembro, mesmo sem a conclusão da obra. As outras maternidades previstas, que irão funcionar nos hospitais da Mulher do Recife, Caruaru e Jaboatão, irão demorar mais de um ano para ficar prontas. O que o Governo irá fazer até lá?", questionou Roberto Tenório, conselheiro do Cremepe.


Através de nota, a Secretaria de Saúde do Estado informou que os hospitais Barão de Lucena e Agamenon Magalhães "vem passando por grandes investimentos na melhoria da estrutura física, além da recomposição do quadro de pessoas. A SES aguarda o relatório, para analisar se as recomendações feitas pelas entidades já estão contempladas no plano de obras destas unidades". Já a assessoria de imprensa do Imip informou que a unidade irá analisar o relatório e responder a todos os questionamentos.

PAUTA NACIONAL - Em visita ao Recife, presidente do CFM, Roberto D'Avila, fez questão de demonstrar sua reprovação às novas medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff, entre elas a contratação temporária de médicos formados no exterior para atuar em municípios do Interior do País. "O Governo quer transferir a sua culpa pelo caos na saúde brasileira para a classe médica. Defendemos a destinação de 10% da receita da União para a saúde, que carece de invetsimentos", disse D'Ávila.

O presidente do CFM disse ainda que o órgão deve entrar com uma ação contra o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por improbidade administrativa. "Além de investir pouco, o Governo não sabe utilizar o dinheiro. Dos R$ 92 bilhões destinados para a saúde em 2012, R$ 9 bilhões voltaram para os cofres públicos por falta de empenhos. Isso se configura como improbidade administrativa", disse.

No último final de semana, o CFM lançou uma campanha publicitária, mostrando que não são contra a vinda de médicos do exterior, mas defendem que eles sejam submetidos ao Exame de Validação do Diploma, o Revalida, além de comprovarem o domínio obrigatório do idioma.


Dentre as principais reivindicações das entidades estão a criação de carreira de estado para médicos, visando a interiorização de profissionais, remuneração de forma justa aos profissionais; melhor financiamento para a saúde; melhoria nas estruturas de atendimento à população; qualificação dos programas de Residência Médica, com valorização da Comissão Nacional de Residência Médica, como fórum máximo deliberativo.

Do NE10

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