Foto: Edmar Melo/JC Imagem |
Falta de material e equipamentos
como respiradores e desfibrilador, Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs)
superlotadas, pacientes em macas improvisadas pelos corredores. De acordo com
relatório do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), essa é a
situação das três principais maternidades de Pernambuco: a dos hospitais Barão
de Lucena e Agamenon Magalhães e do Instituto de Medicina Integral Professor
Fernandes Figueira (Imip). O resultado da fiscalização realizada nas unidades
nos dias 9, 11 e 12 de julho, respectivamente, foi apresentado na tarde desta
segunda-feira (15).
A coletiva de imprensa, na sede
do Cremepe, no bairro do Espinheiro, no Recife, contou com a presença dos
presidente e vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto
D'Avila e Carlos Vidal, do presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco
(Simepe), Mário Jorge, e da presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão. Além
das denúncias sobre a situação das maternidades infantis do Estado, pauta
incluiu as reivindicações nacionais da categoria, como maior investimento do
Governo Federal no Sistema Único de Saúde (SUS), e críticas à Medida Provisória
nº 621, relacionada com a contratação de médicos formados no exterior para
trabalhar no Brasil.
"A situação das nossas
maternidades já foi denunciada várias vezes pelo Cremepe. Se o quadro é ruim na
capital, imagine no Interior do Estado. Queremos uma resposta do Governo e
vamos levar este relatório para o Ministério Público", afirmou a
presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão. Nas três unidades visitadas, foi
constada a locação de pacientes nos corredores e superlotação na UTI e UCI (Unidade
de Cuidados Intermediários).
De acordo com o Cremepe, na
maternidade do Imip duas pacientes dividiam uma única maca, outras estavam
acomodadas em cadeiras. Além disso, nove pessoas estavam internadas
provisoriamente no setor de triagem, onde também faltava equipamento de
desfibrilador. Foi constatada ainda falta médico na sala de recuperação de
anestesia (SRPA). No Hospital Barão de Lucena, até os corredores do bloco
cirúrgico estavam ocupados com macas, os quartos estavam superlotados e as camas
muito próximas, dificultando a circulação. As paredes da sala de recuperação
apresentam infiltrações e mofo. A situação é bem parecida no Agamenon
Magalhães, com registro de fotos de vários pacientes em cadeiras aguardando
acomodações.
"Sabemos que a maternidade
do Centro de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) deve ser inaugurada pelo Estado
em setembro, mesmo sem a conclusão da obra. As outras maternidades previstas,
que irão funcionar nos hospitais da Mulher do Recife, Caruaru e Jaboatão, irão
demorar mais de um ano para ficar prontas. O que o Governo irá fazer até
lá?", questionou Roberto Tenório, conselheiro do Cremepe.
Através de nota, a Secretaria de
Saúde do Estado informou que os hospitais Barão de Lucena e Agamenon Magalhães
"vem passando por grandes investimentos na melhoria da estrutura física,
além da recomposição do quadro de pessoas. A SES aguarda o relatório, para
analisar se as recomendações feitas pelas entidades já estão contempladas no
plano de obras destas unidades". Já a assessoria de imprensa do Imip
informou que a unidade irá analisar o relatório e responder a todos os
questionamentos.
PAUTA NACIONAL - Em visita ao
Recife, presidente do CFM, Roberto D'Avila, fez questão de demonstrar sua
reprovação às novas medidas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff, entre
elas a contratação temporária de médicos formados no exterior para atuar em
municípios do Interior do País. "O Governo quer transferir a sua culpa
pelo caos na saúde brasileira para a classe médica. Defendemos a destinação de 10%
da receita da União para a saúde, que carece de invetsimentos", disse
D'Ávila.
O presidente do CFM disse ainda
que o órgão deve entrar com uma ação contra o ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, por improbidade administrativa. "Além de investir pouco, o
Governo não sabe utilizar o dinheiro. Dos R$ 92 bilhões destinados para a saúde
em 2012, R$ 9 bilhões voltaram para os cofres públicos por falta de empenhos.
Isso se configura como improbidade administrativa", disse.
No último final de semana, o CFM
lançou uma campanha publicitária, mostrando que não são contra a vinda de
médicos do exterior, mas defendem que eles sejam submetidos ao Exame de
Validação do Diploma, o Revalida, além de comprovarem o domínio obrigatório do
idioma.
Dentre as principais reivindicações
das entidades estão a criação de carreira de estado para médicos, visando a
interiorização de profissionais, remuneração de forma justa aos profissionais;
melhor financiamento para a saúde; melhoria nas estruturas de atendimento à
população; qualificação dos programas de Residência Médica, com valorização da
Comissão Nacional de Residência Médica, como fórum máximo deliberativo.
Do NE10
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