O Senado rejeitou na noite desta
terça-feira (9), a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que proibiria
parentes serem eleitos suplentes de senador e que reduziria de dois para um o
número de suplentes. A matéria teve 46 votos favoráveis, mas eram necessários
pelo menos 49 para a aprovação. Houve ainda 17 votos contrários e uma
abstenção.
A proposta votada pelos senadores
alteraria a Constituição e vetaria a
eleição para o cargo de cônjuge ou parente consanguíneo ou por afinidade até o
segundo grau, como irmãos e avós. O suplente é convocado no caso de afastamento
temporário ou definitivo do titular.
A votação do tema veio após a
presidente Dilma Rousseff ter enviado ao Congresso, na semana passada, cinco
pontos que gostaria de ver questionados em um eventual plebiscito sobre a
reforma política -- entre os pontos, estava o fim ou não da suplência no
Senado.
REFORMA ELEITORAL
Diferentemente da Câmara, os
senadores são eleitos por voto majoritário, e não proporcional. O suplente é
escolhido na chapa do senador e não participa da campanha, ou seja, não recebe
votos. Assim, caso o senador eleito se ausente, o suplente assume mesmo sem ter
sido escolhido nas urnas. Em fevereiro, 17 dos 81 senadores em exercício eram
suplentes, mantendo a média de cerca de 20% da composição preenchida por
senadores que não disputaram eleições.
É o caso, por exemplo, de Wilder
Morais (DEM-GO), que tomou posse no lugar de Demóstenes Torres (ex-DEM-GO,
atualmente sem partido), que teve o mandato cassado em julho do ano passado.
Wilder, assim como o ex-senador,
também tinha suspeita de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos,
o Carlinhos Cachoeira, pivô da crise que destruiu a imagem de Demóstenes.
Wilder, aliás, é ex-marido de Andressa Mendonça, atual mulher de Cachoeira.
De acordo com a regra atual, os
senadores eleitos escolhiam dois suplentes aleatoriamente. No entanto, a medida
não valeria para os mandatos em curso.
A proposta também determina que,
se o lugar ficar vago até 120 dias das eleições seguintes, o suplente assuma e
o novo senador seja eleito em pleito simultâneo a essas eleições. Se o cargo
ficar vago dentro desses 120 dias, o novo senador será eleito nas eleições
seguintes.
Ao apresentar o seu relatório na
tribuna, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) criticou a falta de transparência na
escolha do suplente. Ele rejeitou, porém, proposta sugerida pelo senador
Eduardo Suplicy, que instituía eleições diretas para os suplentes.
O senador José Sarney (PMDB-AP),
autor da PEC rejeitada hoje, criticou a necessidade de haver dois suplentes,
mas defendeu que ainda exista um. "Por que existe o suplente? É a pergunta
que se faz. Aqui no Senado todos os Estados são iguais. E, se a Câmara decide
algo contrário a alguma unidade federada, existe o Senado para equilibrar.
Dentro dessa concepção, se um senador desaparece, a instituição fica capenga,
porque um Estado passa a ter um representante a menos."
Dezessete senadores usaram a
palavra para debater o assunto em mais de duas horas e meia de sessão.
Portal uol
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