Enquanto o resto dos
EUA lotava as suas garagens, em meados dos anos 1950,
as ruas de Mackinac continuavam sem carros
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No final do século XIX, a
qualidade do ar já era o maior patrimônio da pequena cidade de Mackinac, no
nordeste dos Estados Unidos. Tanto que proliferaram ali instituições para
atender tuberculosos. Ajudava a manter o ar limpo o fato de as vias locais
serem ocupadas apenas por carruagens a cavalo, pedestres e ciclistas. A paz
durou até a chegada dos primeiros veículos motorizados.
Com seus escapamentos,
eles comprometiam o tratamento dos doentes. E o ronco de seus motores assustava
os animais. Resultado – no dia 6 de julho de 1898, o conselho municipal
determinou: “a circulação de carruagens sem cavalos está proibida dentro dos
limites da cidade”. A lei vale até hoje e não se tem notícia de protestos
planejados pelos moradores, exigindo o direito de desfilar de carro pelas ruas
de Mackinac.
Curiosamente, essa cidade que não
admite automóveis está no Estado de Michigan, onde fica a cidade de Detroit e a
sede das três maiores montadoras americanas: GM, Ford e Chrysler. Mackinac se
espalha por 11,3 km², área um pouco menor que a ocupada pela cidade de São
Caetano do Sul, no ABC paulista. É espaço suficiente para abrigar cerca de 100
carruagens, 600 cavalos, 5 mil bicicletas, 492 habitantes fixos e cerca de 15
mil turistas por dia durante a temporada de verão.
Os moradores e
visitantes da cidade se deslocam exclusivamente
com a força das pernas ou dos
cavalos
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Esses números ajudam a manter,
mais de um século depois, uma qualidade do ar invejável. A cidade atinge índice
97, numa escala em que 100 é o maior e melhor grau em termos de pureza. De
acordo com relatório da Agência de Proteção Ambiental americana, a nota é
baseada na medição diária de ozônio e outros poluentes presentes no ar.
Seria honesto imaginar que, com
ar puro e pedalando, os habitantes da cidade vivessem mais que a média de seus
compatriotas. Mas não é bem assim. Antony Frazier, responsável pelo centro
médico de Mackinac, diz que a saúde dos habitantes locais só não é melhor
porque muitos são fumantes. “Mas eu diria que somos mais saudáveis que a média
nos Estados Unidos”, afirma.
Os moradores locais vivem melhor, porém não
necessariamente mais. Segundo o Censo mais recente nos Estados Unidos (2010),
13,4% da população tem 65 anos ou mais, índice um pouco abaixo da média
americana, que é de 13,7%. Diferença parecida se dá quando é contabilizada a
porcentagem de pessoas com mais de 85 anos: em Mackinac é de 1,4%, contra 1,78%
no restante do país.
Os benefícios de morar na cidade
vão além da longevidade, como nota Jeff Potter, colaborador da revista “Bicycle
Times”: “Há ali um saudável senso de igualitarismo. Todo mundo circula do mesmo
jeito. Além disso, eles economizam quantias enormes de dinheiro, que seriam
queimadas pelos carros”. Ou seja, para viver o paraíso na Terra, os moradores
de Mackinac só precisam parar de fumar.
Portal Terra/ Fotos: FOTOSEARCH RM; Orlando
/Three Lions/Getty Images
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