Plantações de maconha eram irrigadas com água que deveria atender a moradores do Sertão (Foto: Reprodução / TV Globo) |
Operação conjunta da Companhia
Pernambucana de Saneamento (Compesa) e da Polícia Militar identificou 28 pontos
de desvios de água da Adutora do Sertão, que abastece cinco cidades da região:
Salgueiro, Verdejante, Serrita, Terra Nova e parte de Cabrobó. O furto vem
prejudicando o fornecimento de água para 120 mil habitantes desses municípios.
Com a ajuda de um helicóptero da Secretaria de Defesa Social (SDS) e de um GPS,
técnicos da companhia acharam as ligações clandestinas, usadas para irrigar
roças em terrenos privados e até plantações de maconha. Agora, por terra, os
policiais estão destruindo a rede irregular e realizando buscas para encontrar
suspeitos do crime.
A operação, que começou na última
segunda (4), deve se estender até a próxima quinta-feira (14). “Sentimos queda
de vazão nas estações de tratamento da adutora de 220 quilômetros de extensão,
que tira água do Rio São Francisco. Por isso, pedimos ajuda da polícia para
tentar encontrar essas ligações clandestinas a partir de um sobrevoo de
helicóptero. Os desvios estavam diminuindo a oferta de água para famílias da
região”, contou o gerente da Compesa no Sertão Central, Januário de Carvalho.
Ele acrescentou que a água
desviada era utilizada para irrigar plantações de cebola, maracujá, milho, além
de pés de maconha. “Apesar de a adutora ficar a quilômetros de profundidade,
eles perfuram a terra com uma escavadeira, botam uma mangueira e tiram o
líquido. Suspeitamos toda vez que há uma área verde em meio a uma região
castigada pela seca”, explicou Januário.
Em visita ao Sertão, a reportagem
do NETV flagrou um sítio com dois açudes cheios de água furtada. O dono da
propriedade plantou capim, milho e cebola sem parecer se importar com o
desperdício do sistema de irrigação. Em outro terreno, uma plantação de cebola
também é irrigada com a água tratada que deveria chegar às torneiras da
população.
Em outra cidade, traficantes
esbanjam à vontade um recurso cada vez mais escasso para irrigar plantações de
maconha. Eles cavaram um reservatório de onde retiram a água em baldes para
molhar os pés da droga. Antes da chegada da polícia, os criminosos conseguiram
fugir. Eles deixaram 5 quilos de maconha prontos para o consumo e 15 mil pés da
droga, que foram arrancados e queimados. Quem for pego cometendo o delito,
segundo a SDS, pode pegar até dois anos de reclusão por furto de água.
Do G1 PE
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